A Ecoterra e seu constructo territorial de mercado: As experiências de venda direta como antecedentes do Circuito Sul de circulação e comercialização de produtos agroecológicos, criado no contexto da Rede Ecovida de Agroecologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/amb.v2i2.26586
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Palavras-chave:

Agroecologia, Circuito Sul, comercialização, Ecoterra.

Resumo

A reflexão, aqui sistematizada, aborda as “práticas espaciais insurgentes” (SOUZA, 2009) deflagradas com a agroecologia. Visa demonstrar como a territorialização de tais práticas inscreve-se nas “fissuras” (HOLLOWAY, 2013) do sistema econômico-social capitalista, através da implementação de estratégias de “reapropriação social da natureza” (LEFF, 2009) e, concatenadamente, de reapropriação social das condições de produção e de reprodução social camponesas. Nossa base argumentativa está calcada na experiência de inserção da Associação Regional de Cooperação e Agroecologia (ECOTERRA, Três Arroios/RS) no projeto denominado “Circuito Sul de Circulação e Comercialização de Produtos Agroecológicos da Rede Ecovida de Agroecologia”, cujo arranjo articula uma complexa e inovadora trama entre as facetas da produção, da certificação, da circulação e da comercialização de produtos agroecológicos, com a incidência, ao longo de todo o processo, de importantes níveis de autonomia construídos coletivamente pelos “atores sintagmáticos” (RAFFESTIN, 1993) da agroecologia. Essa experiência traz à tona facetas modernas da política de desenvolvimento territorial empreendidas pelo campesinato, alinhando, produção de alimentos orgânicos, conservação da agrobiodiversidade e novas relações econômicas e de mercado.

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Publicado

18-12-2020

Como Citar

FREITAS EDUARDO, M.; KLEIN, E. J.; GONÇALVES, G. J. A Ecoterra e seu constructo territorial de mercado: As experiências de venda direta como antecedentes do Circuito Sul de circulação e comercialização de produtos agroecológicos, criado no contexto da Rede Ecovida de Agroecologia. AMBIENTES: Revista de Geografia e Ecologia Política, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 144, 2020. DOI: 10.48075/amb.v2i2.26586. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/ambientes/article/view/26586. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

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Artigos