A CONSTRUÇÃO DO FUTURO NO DISCURSO SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÔES NA IMPRENSA
Palavras-chave:
Imprensa. Análise do discurso. Privatização.Resumo
Nos anos 90 do século 20, o Brasil passa por mudanças significativas em seu modelo de desenvolvimento, com a retirada do Estado de atividades econômicas. Consideramos assim que o discurso sobre as privatizações constitui-se num lugar relevante para observação da recente história brasileira. Neste período, são realizadas as privatizações de empresas estatais, entre elas as de telecomunicações. Neste artigo, analisamos, com base nos princípios teórico-metodológicos da Análise do Discurso na tradição aberta por Michel Pêcheux, como a imprensa alimenta o imaginário de futuro no discurso sobre a privatização das empresas de telecomunicações. Para tanto, com o objetivo de compreender as relações discursivas estabelecidas na mídia comercial dominante, dedicamos nossa análise a um corpus de reportagens e artigos extraídos dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, que, em linhas gerais, apresentam uma tomada de posição a favor das privatizações e de mudanças no modelo de desenvolvimento brasileiro. A análise desenvolvida demonstra que são projetados no futuro benefícios para toda a sociedade. Assim, o passado é representado negativamente, pois teria produzido maus efeitos para a sociedade, devendo, portanto, ser rejeitado e negado em sua continuidade histórica. Nesta prática discursiva, a privatização é instaurada como marco simbólico de um período de prosperidade relacionado à modernidade e à construção da cidadania, que se situará num futuro a ser construído a partir deste acontecimento. Concentram-se assim sentidos positivos no futuro, que é relacionado diretamente às privatizações. Assim, a tomada de posição privatista dos jornais analisados tenta cristalizar o sentido de ´privado´como algo benéfico e desejável, estabilizando uma memória para o acontecimento discursivo da privatização. Esta gestão do tempo histórico produz, portanto, uma linha de continuidade entre presente e futuro e uma ruptura entre passado e presente, cujos vínculos são apagados para a produção do sentido positivo para a privatização das telecomunicações.
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