O novo e a Tradição em Riacho Doce: Entre o Pertencimento e a Ruína

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Palavras-chave:

, literatura brasileira, modernismo, José Lins do Rego

Resumo

Riacho Doce, junto a’ O Moleque Ricardo, Pureza, Riacho Doce, Água-Mãe e Eurídice, compõe uma parte da obra de Zé Lins que escapa às tradicionais leituras dos ciclos, da memória e do regionalismo. Esse romance, em particular, sofreu ainda maior ataque da crítica, que leu, no protagonismo do estrangeiro, uma tentativa fracassada do autor de inovar e escapar ao rótulo de memorialista. Este artigo, a partir da análise do romance, procura expor como José Lins do Rego, ao trazer uma protagonista estrangeira e dedicar toda a primeira parte da história à sua infância na Suécia, inovou sim, mas para operar uma complexificação dos elementos que unem sua obra e inseri-los em uma longa trajetória do pertencimento que une o nacional e o estrangeiro, a tradição e o novo. Através dessa trajetória da protagonista, Edna, vemos a terra como eixo organizador do romance, desde sua profunda crise do não pertencimento na juventude até sua perspectiva, perante o novo, atravessar o mar e invadir de cheio o conhecido conflito entre tradição e mudança, dotando-o de um novo olhar. Dedicando uma leitura atenta, como o fez Mário de Andrade, podemos perceber como esses elementos constroem um emaranhado de trajetórias e perspectivas em que a terra, a tradição, o novo, o estrangeiro e a busca por pertencer ou deixar de pertencer se aproximam, afastam-se e, por fim, confrontam-se.

Biografia do Autor

Elisa Domingues Coelho, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara/UNESP

Licenciatura em Letras - IEL/Unicamp
Mestrado em Teoria e Crítica Literária - IEL/Unicamp
Doutoranda em Teoria da Narrativa/ Departamento de Estudos Literários - FCLAR/UNESP

Referências

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REGO, José Lins. Pureza; Pedra Bonita; Riacho Doce. Rio de Janeiro: José Olympio, 1961.

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Publicado

11-04-2019

Como Citar

COELHO, E. D. O novo e a Tradição em Riacho Doce: Entre o Pertencimento e a Ruína. Línguas & Letras, [S. l.], v. 19, n. 45, p. http://dx.doi.org/10.5935/1981–4755.20180041, 2019. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/20264. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: CONTINGÊNCIAS SOCIAIS E CULTURA POPULAR NA OBRA DE JOÃO GUIMARÃES ROSA