Narrando o tempo/vida: reflexões teóricas sobre a experiência discursiva de ser e estar na linguagem

Autores

  • Gabriel Fortes Cavalcanti de Macêdo
Agências de fomento

Palavras-chave:

Narratividade, Discurso, Subjetividade, Temporalidade, Psicologia

Resumo

No presente texto apresenta-se uma breve introdução acerca da perspectiva culturalista e sua relevância para os estudos em Psicologia levando em conta sua dimensão histórica e principais expoentes dos ramos científicos que legitimaram a virada linguística nos estudos psicológicos, não pretendo uma revisão exaustiva, mas sim, definir os horizontes da área. Usando como exemplo, serão analisados os marcadores discursivos nos versos de um Fado português intitulado “Vida vivida” de Argentina Santos discute-se a materialidade da vida subjetiva e o potencial da criação artística como análoga ao funcionamento da vida subjetiva cotidiana. Vê-se então, que os usos de determinados marcadores linguísticos afetam não somente a construção textual (relações sintáticas ou semânticas), mas também, os modos de organização da vida do sujeito (a experiência psicológica subjetiva), assim como, as práticas sociais que decorreram dos usos que certos enlaces discursivos permitem (nível pragmático), constituindo assim o enredo da própria vida (a textualidade da experiência humana) como uma forma de narrativa de si mesmo. Advogando, a partir do exemplo analisado, a importância do aspecto experiencial (e poético) da vida humana vivido na linguagem, e, talvez, negligenciada em algumas perspectivas contemporâneas na Psicologia. Discute-se ainda a relevância do estudo de narrativas na psicologia, uma vez que, ela (a narrativa) permite construir realidades, produzir sentidos e experienciar a vida subjetiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. (P. Bezerra, Trad. 4ª Ed.) São Paulo: Martin Fontes, 2003.

BAKHTIN, M. Forms of Time and of the Chronotope in the Novel: Notes toward a Historical Poetics. In BAKHTIN, M. The Dialogic Imagination. (Caryl Emerson e Michael Holquist, Trad.) Austin: University of Texas, 2006, p.84-258.

BAKHTIN, M.; (VOLOCHINOV, V. N). Marxismo e filosofia da linguagem (13ª ed). São Paulo: Hucitec, 2009.

BOESCH, E. E. Symbolic action theory on cultural psychology. Culture & Psychology, 7, 2001, p.479-483.

BOESCH, E. E. On subjective culture: In response to Carlos Cornejo. Culture & Psychology, 14(4), 2008, p.498-512.

BROCKMEIER, J., & HARRÉ, R. Narrativa: problemas e promessas de um paradigma alternativo. Psicologia: Reflexão E Crítica, 16(3), 2003, p.525–535. http://doi.org/10.1590/S0102-79722003000300011

BRUNER, J. The narrative construction of reality. Critical Inquiry, 17, 1991, p.229-247

BRUNER, J. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997a.

BRUNER, J. Dois modos de pensamento. Em BRUNER, J. (Ed.): Realidade mental, mundos possíveis. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997b, p.12-46.

DENNETT, D. C. The Self as a Center of Narrative Gravity. In: KESSEL F., COLE P. AND JOHNSON, D. (eds.) Self and Consciousness: Multiple Perspectives. Hillsdale, NJ: Erlbaum. Philosophia 15, 1992, p.275-88.

HAYE, A., & LARRAIN, A. Discursively constituted experience, or experience as reply: A rejoinder. Theory & Psychology, 23(1), 2013, p.131–139. http://doi.org/10.1177/0959354312465484

HERMANS, H. J. M. & DIMAGGIO, G. The dialogical self psychotherapy: Introduction. In H. J. M. HERMANS & G. DIMAGGIO (Eds.), The dialogical self in psychotherapy. Hove, East Sussex, UK: Brunner-Routledge, 2004, p.1-10.

HERMANS, H. J. M. (2004). The innovation of self-narratives: A dialogical approach. In L. E. ANGUS & J. MCLEOD (Eds), The handbook of narrative and psychotherapy). Thousand Oaks, CL: Sage, 2004, p.175-191.

JOSEPHS, I. E. & VALSINER, J. (1998). How does autodialogue work? Miracles of meaning maintenance and circumvention strategies. Social Psychology Quartely, 61(1), 1998, p.68-83.

MACÊDO, G. F. C. DE, & VIEIRA, N. A experiência da unidade espaço-tempo na literatura e na psicologia. Revista Bakhtiniana, 10(1), 2015, p.119–136.

MARTINEZ, C., TOMICIC, A., & MEDINA, L. Psychotherapy as a discursive genre: A dialogic approach. Culture & Psychology, 20(4), 2014 ,p.501–524.

MARTSIN, M. On mind, mediation and meaning-making. Culture & Psychology, 18(3), 2012, p.425–440.

MOGHADDAM, F. M. From “Psychology in Literature” to “Psychology is Literature”: An Exploration of Boundaries and Relationships. Theory & Psychology, 14(4), 2004, p.505–525.

NAPOLITANO, M. “Hoje preciso refletir um pouco”: ser social e tempo histórico na obra de Chico Buarque de Hollanda – 1971 / 1978. História, 22(1), 2003, p.115–134.

NELSON, K. Narrative and the emergence of a consciousness of self. Em FRIEDMAM G., MCVAY JR. J. E FLANAGAN O. (Orgs.): Narrative and Consciousness. Literature, Psychology and the Brain. New York: Oxford University Press, Inc, 2003, p.17-36

ROMMETVEIT, R. On the Role of “ a Psychology of the Second Person ” in Studies of Meaning , Language , and Mind. Mind, Culture and

Activity, 10:3, 2009, p.37–41.

SARBIN, T. R. (Org.) (1986). Narrative psychology: The storied nature of human conduct. New York: Praeger

SPINILLO, A. G. A produção de histórias por crianças: a textualidade em foco. Em J. CORREA; A. G SPINILLO & S. LEITÃO (Orgs.), Desenvolvimento da linguagem: escrita e textualidade. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2001, p.73-116.

WAGONER, B. Collective Remembering as a Process of Social Representation. Cambridge Handbook of Social Representations, 2015, p.143–162.

WAGONER, B., & GILLESPIE, A. Sociocultural mediators of remembering: An extension of Bartlett’s method of repeated reproduction. British Journal of Social Psychology, 2013, p.622–639.

WERTSCH, J. V. From social interaction to higher psychological processes: a clarification and application of Vygotsky’s theory. Human Development, 51, 2008, p.66-79.

WERTSCH, J. V. The Primacy of Mediated Action in Sociocultural Studies. Mind, Culture and Activity, 1(4), 1994, p.202–208.

VALSINER, J. Fundamentos da Psicologia Cultural – Mundos da Mente Mundos da Vida. Porto Alegre: Armed, 2012.

VIEIRA, A. G. Do conceito de estrutura narrativa à sua crítica. Psicologia, Reflexão e Crítica, 14(3), 2001, p.599-608.

VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

VYGOTSKY, L. S. Concrete human psychology. Soviet Psychology, 27(2), 1989, p.53–77.

VYGOTSKI, L. S. Imaginación y creatividad del adolescente. Obras escogidas IV. Machado Nuevo Aprendizaje, Madrid, 2012 (1931), p.205-224.

ZITTOUN, T. (2012). Life-Course: A Socio-Cultural Perspective. In Handbook of Culture and Psychology, 2012, p. 513–535.

Downloads

Publicado

16-06-2016

Como Citar

MACÊDO, G. F. C. de. Narrando o tempo/vida: reflexões teóricas sobre a experiência discursiva de ser e estar na linguagem. Travessias, Cascavel, v. 10, n. 1, p. e14310, 2016. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/14310. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

LINGUAGEM