Manhã cinzenta, estilhaços em sequência: considerações sobre a manhã que não acabou

Autores

Agências de fomento

Palavras-chave:

Cinema, História, Manhã Cinzenta, Olney São Paulo.

Resumo

A arte e a política, a partir dos estudos contemporâneos, são vistas como indissociáveis, e se realizam nos mesmos pontos: na forma e/ou no conteúdo, ou em ambos. Nesse sentido, propomos a análise do média-metragem Manhã cinzenta, de Olney São Paulo, produzido em 1969, que é um dos mais significativos filmes da resistência à ditadura civil-militar de 1964, como também é uma espécie de metáfora para a vida do próprio cineasta, sendo uma ferida em seu próprio corpo estilhaçado pela tortura. Para nossa leitura e análise partimos dos pressupostos contemporâneos de Marc Ferro (1978; 1992) e Robert Rosenstone (1996; 2010) de que os filmes e os arquivos fílmicos podem suprir a ausência dos documentos oficiais tradicionais, dos quais a História lança mão para construir seu discurso, sendo, portanto, em sentido derridiano, suplementares para a construção historiográfica, podendo ser fontes para a compreensão de contextos e de acontecimentos históricos.

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Biografia do Autor

Antonia Cristina de Alencar Pires

Poeta, autora do livro "À margem do espelho" (1ª ed., 1993), em coautoria do poeta Eugênio Fontes. Doutora em Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da UFMG; Mestre em Literatura Brasileira pela FALE/UFMG; Bacharel em Biblioteconomia pela Escola de Ciência da Informação da UFMG, é Técnica em Gestão, Proteção e Restauro do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG.

Filipe Schettini

Co-diretor e produtor do curta "Noturno Interlúdio", lançado no ano de 2016, no MIS - Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte. É estudante do curso de Cinema e Audiovisual no Centro Universitário UNA, e atua como instrutor de empresa privada, em que realiza treinamentos de colaboradores.

Gustavo Cesário de Souza Tanus

Bacharel e licenciado em português, bacharel em edição. Mestre em Teoria da Literatura pela UFMG, é autor do livro "Africanos e Afrodescendentes nas estantes: a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais" (2017), e pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade, NEIA/Faculdade de Letras/UFMG, onde edita, desde 2013, o boletim do "Literafro/ o portal de Literatura Afro-brasileira", compondo, ainda, o conselho executivo deste projeto.

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Publicado

07-12-2017

Como Citar

PIRES, A. C. de A.; SCHETTINI, F.; TANUS, G. C. de S. Manhã cinzenta, estilhaços em sequência: considerações sobre a manhã que não acabou. Travessias, Cascavel, v. 11, n. 3, p. e17514, 2017. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/17514. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

ARTE E COMUNICAÇÃO