Abandono social, injustiça e esquecimento: identidade nordestina e o sertão nas obras de Antônio Torres e Graciliano Ramos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v14i2.25518
Agências de fomento
CAPES

Palavras-chave:

Sertão, Graciliano Ramos, Antônio Torres, Nordestino

Resumo

Tratando-se de um estudo de minorias, compararam-se as obras Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, e Essa Terra (1976), de Antônio Torres, para compreender a opressão na identidade nordestina. Para tal, leram-se as teorias de representação em Hall (2006) e Cassirer (1992); o estudo literário Temposfuturos, de Reis (2012); o estudo sobre a ficção e história da seca em Scoville (2011); a definição de contracultura proposta por Pereira (1986); e, por fim, as questões identitárias em Torres, de Preto Souza (2019). Bebendo de imagens comuns à seca e à pobreza no cânone em Vidas Secas, a narrativa de Torres pode ser entendida como contracultura à medida que põe em xeque o sistema vigente e o quadro político do sertão no fim do século XX. Constatou-se que, enquanto Graciliano aposta no emudecimento e na seca, confluindo para a formação da mitologia nordestina e para a denúncia da injustiça e do abandono institucional, Torres destaca o esquecimento da identidade cultural do povo nordestino, dentre outros problemas sociais como a xenofobia e o exílio interno ligado a eles.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alisson Preto Souza, UFRGS

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras da área de Literatura da UFRGS. Linha de Pesquisa: Teoria, Crítica e Comparatismo. Orientadora: Lúcia Sá Rebello (UFRGS)

Elisa Hübner Alves, UFRGS

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da área de Literatura da UFRGS. Linha de Pesquisa: Literatura, Sociedade e História da Literatura.
Orientador: Guto Leite (UFRGS)

Referências

ALVES, H. E. Escritores e assassinos: os “homens de letras” nos romances de Graciliano Ramos. Cadernos do Instituto de Letras UFRGS, Porto Alegre, n. 58, p. 94-108, Outubro de 2019.

CANDIDO, A. Ficção e Confissão. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

CASSIRER, E. Mito e Linguagem. Perspectiva: São Paulo, 1992.

COELHO, A. et al. Retratos do sertão no vocabulário da obra essa terra, de Antônio Torres. In: Revista Graduando. n.2, 2011. Disponível em: http://www2.uefs.br/dla/graduando/n2/n2.129-140.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.

CUNHA, E. Os Sertões – Campanha de Canudos. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.

FILHO, F.A.D. Sobre a palavra “sertão”: origens, significados e usos no Brasil (do ponto de vista da ciência geográfica). In: Ciência Geográfica – Bauru, 2011. Disponível em: http://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/anoXV_1/AGB_dez2011_artigos_versao_internet/AGB_dez2011_11.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.

GIL FILHO, S.F. Geografia das formas simbólicas em Ernst Cassirer. In:. Visões do Brasil: estudos culturais em Geografia [online]. Salvador: EDUFBA; Edições L'Harmattan, 2012. Disponível em: http://books.scielo.org/id/8pk8p/pdf/barthe-9788523212384-04.pdf. Acesso em: 26 jan. 2020.

GONÇALVES, R.G. Memória e desencanto em essa terra, de Antônio Torres: um olhar crítico sobre o lugar do retirante nordestino. In: Anais do SILEL. Volume 3, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2013. Disponível em: http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/wp-content/uploads/2014/04/silel2013_1556.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.

GUND, I.T.F. Por Essa Terra... destinos itinerantes: os caminhos do sujeito migrante em Antônio Torres. 2006. 122 f. Dissertação (Letras) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

HALL. S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11.ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

LAFETÁ, João Luiz Machado. 1930: A crítica e o Modernismo. São Paulo: Duas Cidades; 1974.

LAFETÁ, João Luiz Machado. O mundo à revelia. In: RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 58. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992. p.192-217.

LISPECTOR, C. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

PACHECO, Ana Paula. A subjetividade do Lobisomen (São Bernardo). Literatura e Sociedade, USP, p. 66-83, 2010.

PEREIRA, C.A.M. O que é contracultura. São Paulo: Nova Cultura/Brasiliense, 1986.

PONTES, E.T.M. Transições Paradigmáticas: do combate à seca à convivência com o semiárido nordestino. Universidade Federal de Pernambuco. Dissertação: 2010.

PRETO-SOUZA, A. Representação, Memória e Cultura: a composição do universo indígena em Meu Querido Canibal, de Antônio Torres. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 2019.

RAMOS, G. Vidas Secas. 86. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2002.

REIS, Z.C. Temposfuturos - Vidas Secas de Graciliano Ramos. In: Estudos Avançados. USP: São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142012000300020&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 jul. 2020.

SCOVILLE, A.L.M.L. Literatura das Secas: Ficção e História. 2011. 241 f. Tese (Letras) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

SEVCENKO, N. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1999.

TORRES, A. Essa Terra. São Paulo: Editora Ática, 1976.

TORRES entrevista superlibris [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo. (12min 44s). Publicado pelo canal SescTV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MaRTry6f_40. Acesso em: 26 jul. 2020.

ZILLY, Berthold. De sertões, desertos e espaços incivilizados. Rio de Janeiro: Mauad / FAPERJ, 2001.

Downloads

Publicado

31-08-2020

Como Citar

PRETO SOUZA, A.; ALVES, E. H. Abandono social, injustiça e esquecimento: identidade nordestina e o sertão nas obras de Antônio Torres e Graciliano Ramos. Travessias, Cascavel, v. 14, n. 2, p. e25518, 2020. DOI: 10.48075/rt.v14i2.25518. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/25518. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

[DT] À MARGEM: RESISTÊNCIAS E REEXISTÊNCIAS NA LITERATURA BRASILEIRA