Entre Atabaques e Cigarrilha: A Educação Sensível Pela Voz de D. Maria Padilha

Autores

  • Mailson de Moraes Soares UEPA - Universidade do Estado do Pará
Agências de fomento
UEPA (Universidade do Estado do Pará), CAPES.

Palavras-chave:

D. Maria Padilha. Educação sensível. Afro religiosidade.

Resumo

Este artigo apresenta traços educativos da oralidade poética da entidade afro religiosa D. Maria Padilha, quando presente em transe mediúnico, em Terreiro de Candomblé, em Belém do Pará.  Rainha espanhola do século XIV, agora imiscuída às deidades africanas, a nobre espanhola reina como reminiscência ancestral. Através de seus dizeres, entre parábolas, provérbios, metáforas, cânticos e silêncios D. Maria Padilha, alimenta e instrui os filhos e adeptos do terreiro, para a cultura de resistência do povo de santo na Amazônia. Assim, teço esta escrita, bebendo nas fontes fecundas das Poéticas Orais (Zumthor, 1997; Hampâté Bâ, 1982); a costurar redes do Imaginário (Meyer, 1993; Farelli, 2009), da Memória (Halbwachs, 1990) e realidade do povo do Axé (Sodré, 1988), alinhavados a conceitos e perspectivas decoloniais (Rufino, 2018) em uma escrita Poetnográfica (Silva; Lima, 2014). Desse modo, descrevo ações em contexto afro religioso, a compreender as falas/informações obtidas, que vindas como narrativas do sujeito pesquisado, D. Maria Padilha, possam ser destecidas como versos de uma canção que planta no mundo, um modo de ser, uma força que respinga em nós e inquieta.

Biografia do Autor

Mailson de Moraes Soares, UEPA - Universidade do Estado do Pará

Mestre em Educação UEPA; licenciado em Letras Língua Portuguesa UFPA. Ator e cenógrafo formado pela ETDUFPA. Membro do Núcleo de Pesquisa Cultura e Memórias Amazônicas (CUMA/UEPA); vinculado ao Projeto de Pesquisa: Memória da Dramaturgia amazônida - construção de acervo dramatúrgico (ICA/UFPA). 

Referências

ALMEIDA, Tânia Maria Campos de. Revista Calundu - vol. 1, n.1, jan-jun 2017.

APOEMA, Keu. (Im) permanência da voz: encontro com as palavras de contadores de histórias tradicionais e contemporâneos de Burkina Faso. In: Jinzenji, Mônica Yumi et al. (orgs.) Culturas orais, culturas do escrito: intersecções. Campinas, São Paulo: Mercado das Letras, 2017.

BÂ, Amadou Hampátê. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph. (Coord.). História geral da África: volume I: Metodologia e pré-história da África. São Paulo: Ática, 1982.

BERGSON, Hénri. L’évolucion créatrice. Paris, PUF:1991.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como cultura. 2.ed. são Paulo: Brasiliense, 2002.

CANCLINI, Nestor G. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 2011.

CASTRO, Manuel Antônio de; FAGUNDES, Igor; FERRAZ, Antônio Máximo Ferraz (org.) Educar Poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014.

FARELLI, Maria Helena. Os conjuros de Maria Padilha: a verdadeira história da Rainha Padilha, de seus trabalhos de magia e de suas rezas infalíveis. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1990.

KAZANTZÁKIS, Nikos. Ascese: os salvadores de Deus. São Paulo: Ática, 1997.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. Campinas: Papirus, 2011.

LUCAS, Fábio. O caráter social da literatura brasileira. São Paulo: Quíron, 1976.

MAFFESOLI, Michel. Elogio da razão sensível. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

MARTINS, Leda Maria. Afrografias da memória: o Reinado do Rosário no Jatobá. São Paulo: Perspectiva, 1997.

MATURANA, Humberto. Transdisciplinaridade e Cognição. Brasília: Edições UNESCO, 2000.

MBITI, John S. African religions and philosophy. 2ª. ed. Ibadan, Nigeria, Heinemann Educational Books, 1990.

MENEZES, Bruno. Batuque. Belém: SECTAM, 2005.

MEYER, Marlyse. Maria Padilha e toda sua quadrilha: da amante do rei de um Castela a Pomba-Gira de Umbanda. São Paulo: Duas cidades, 1993.

MIRANDA, Maria Fernanda C.; SILVA, Renata de Lima. Linhas para tecer poetnografia dançadas. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.12, n.1, p. 73-86, mai. 2015.

PAZ, Octávio. O arco e a Lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. São Paulo: José Olympio, 1962.

RUFINO, Luís. Pedagogia das Encruzilhadas. Revista Periferia: educação, cultura e comunicação; v.10, n.1, p. 71 - 88, Jan./Jun. 2018.

SALDANHA, Monise Campos. Entre o conto e o atabaque: as narrativas de Oxum nas poéticas de terreiro. Monografia de Especialização em Estudos Linguísticos e Análises literárias. Belém: UEPA, 2013.

SALLES, Vicente. O Negro no Pará sob o regime da escravidão. Belém: IAP; Programa Raízes, 2005.

SILVA, Renata de Lima; LIMA, Marlini Dorneles. Entre raízes, corpo e fé: poetnografia dançadas. Revista Moringa, Artes do Espetáculo, João Pessoa, v. 5, n. 2 jul-dez/2014.

SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade, a forma social negro-brasileira. Petrópolis: Vozes, 1968.

ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. São Paulo: Hucitec, 1997.

Downloads

Publicado

02-08-2021

Como Citar

SOARES, M. de M. Entre Atabaques e Cigarrilha: A Educação Sensível Pela Voz de D. Maria Padilha. Línguas & Letras, [S. l.], v. 22, n. 52, 2021. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/26924. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ PARTE I - A teoria pós-colonial e a insurgência decolonial