A pele negra de Orfeu na literatura do século XX

Autores

  • Marina Bonatto Malka Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Agências de fomento

Palavras-chave:

Orphée Noir, Jean-Paul Sartre, Marcel Camus

Resumo

Este artigo tem o objetivo de analisar as duas obras homônimas que relacionam Orfeu com o negro descolonizado: Orphée Noir, prefácio de Jean-Paul Sartre no livro Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue française (1948) e Orphée Noir (1959), filme de Marcel Camus. Para isso, investiga a etimologia e a simbologia do mito de Orfeu, faz um levantamento das obras que reelaboram esse mito no século XX no Brasil e na França e, por fim, analisa os Orphée Noir inseridos no contexto de independências de países africanos e do governo de Juscelino Kubistchek no Brasil. Nesta perspectiva, as reflexões inserem-se em um esforço de perceber não só a importância do Orphée Noir de Sartre para o Movimento da Negritude, mas também a do Orphée Noir de Camus para a cinematografia mundial, levando em consideração a repercussão controversa de ambas as obras.

Biografia do Autor

Marina Bonatto Malka, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando e mestra em Estudos de Literatura na UFGRS. Professora de língua portuguesa na Prefeitura de Capão da Canoa/RS.

Referências

ALMEIDA, Rodrigo Davi. As posições políticas de Jean-Paul Sartre e o Terceiro mundo (1947-1979). 261 f. Tese de Doutorado (Doutorado em História – História e Sociedade. UNESP, 2010.

AMEDEGNATO, Ozouf ; OUATTARA, Ibrahim.“Orphée noir” de Jean-Paul Sartre: une lecture programmatique de la négritude. Revista de Estudos Africanos. n. 0, p. 23-50, 2019.

BERND, Zilá. O que é negritude. São Paulo: Brasiliense,1988.

___________. Negritude e Literatura na América Latina. Porto Alegre: Cirkula, 2018.

BOULOUMIÉ, Arlette. La Résurgence du mythe d’Eurydice et ses métamorphoses dans l’oeuvre d’Anouilh, de Pascal Quignard, de Henri Bosco, de Marguerite Yourcenar, de Michèle Sarde, et Jean Loup Trassard. Loxias, n. 2, jan. 2014.

CAMUS, Marcel. Orfeu Negro. 1959. (1 h 37 min 29 s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fWIwTOtvbSk>. Acesso em: 05 jan. 2018.

COSWOSK, Jânderson Albino. Figurações do corpo negro: o exílio do corpo e da alma em Orphée Noir e suas interlocuções contemporâneas. Outramargem: revista de filosofia, n.8, p. 182-193, 2018.

DESBOIS, Laurent. A Odisseia do Cinema Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

DINIZ, Thaïs Flores Nogueira. Três Versões de Orfeu. Aletria, 2001, p. 34-41.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento da Negritude: uma breve reconstrução histórica. Mediações – Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 10, n.1, p. 25-40, jan.- jun. 2005

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

____________. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FERREIRA, Lígia F. Negritude, Negridade e Negrícia: história e sentidos de três conceitos viajantes. Via Atlântica, nº 9, jun. 2006.

FIGUEIREDO, Eurídice. O Haiti: história, literatura, cultura. Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, v.VI, n.12. p. 371-395, Jan-Jun 2006.

FLÉCHET, Anaïs. Um mito exótico? A recepção crítica de Orfeu Negro de Marcel Camus (1959-2008). Significação, nº 32, 2009.

GYSSELS, Kathleen. Sartre postcolonial ? Relire Orphée noir plus d'un demi-siècle après. Cahiers d’études africaines, p. 231-250, 2005.

GODARD, Jean-Luc. Le Brésil vu de Billancourt. Cahiers du cinéma, Paris, n. 97, p. 59-60, jul. 1959.

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

JOUBERT, Hubert Tardy. Sartre et la Négritude : de l’existence à l’histoire. Cairn.info Revue, n. 83, p. 36-49, 2014/4.

MARIE, Michel. A Nouvelle Vague. Revista Significação, nº 19, p. 167-180, 2003.

MATESO, Locha. La Littérature africaine et sa critique. Paris: ACCT, 1986.

MORAES, Vinicius. Orfeu da Conceição. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2013.

MORÁN, Fernando. Revolución y tradición en Africa Negra. Madrid: Alianza Editorial. 1971.

MURILLO, Edwin. Orfeu Carioca: Reassessing Orphic Mythology in Rio de Janeiro.

Hispanet Journal, n. 3, dezembro 2010.

PORRA, Véronique. Sur quelques Orphée noirs. Reproduction, adaptation et hybridation du mythe d'Orphée en contexte post-colonial. Revue de Littérature Comparée, n.344, p. 441-455, 2012/4.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala. Belo Horizonte: Letramento, 2017.

RIESZ, János. « Orphée Noir » – « Schwarzer Orpheus » – « Black Orpheus » : quand les marges se mettent en marche vers un centre commun. Klincksieck, n. 314, p. 161-177, 2005/2.

ROCHA, Gabriel dos Santos. Antirracismo, negritude e universalismo em Pele negra, máscaras brancas de Frantz Fanon. Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana Ano VIII, n.XV, p. 110-119, agosto/2015.

SALEMA, Vivian de Azevedo Garcia. O mito de Orfeu nas Metamorfoses de Ovídio. Principia. n. 29, 2014.

SARTRE, Jean-Paul. Orphée Noir (prefácio). In: SENGHOR, Léopold Sédar. Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue. França: PUF, 1948.

_________ . Que é a literatura? São Paulo: Editora Ática, 2004.

_________. “Présentation” in Les Temps Modernes 1, p. 1-21, 1945.

SENGHOR, Léopold Sédar. Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue. França: PUF, 1948.

SILVEIRA, Walter da. Orfeu do carnaval: um filme estrangeiro. In: Fronteiras do cinema. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1966.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Can the subaltern speak? in C. NELSON & G. GROSSBERG (eds.), Marxist Interpretations of Culture, Urbana, Chicago University Press, 1988.

STÄDTLER, Katharina. La Décolonisation de l’Afrique vue par Les Temps Modernes. Collège International de Philosophie. n. 36, p. 93-105, 2002/2.

Downloads

Publicado

02-08-2021

Como Citar

MALKA, M. B. A pele negra de Orfeu na literatura do século XX. Línguas & Letras, [S. l.], v. 22, n. 52, 2021. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/26945. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ PARTE II - Abordagens críticas (pós) decoloniais na literatura, no ensino e na cultura