Ficção e Realidade no Conto “Maria” de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.5935/1981-4755.20220007Resumo
Resumo: desde o Brasil colonial a sociedade brasileira é historicamente marcada pelo preconceito racial, que consequentemente se reflete em diversas formas de violência, desde as simbólico-psicológicas até a violência física nas suas formas mais cruentas. Na contemporaneidade, as violências raciais, suas vítimas e algozes podem ser identificados em vários gêneros literários, denunciando em prosa e verso as mazelas sociais existentes no País. O ensaio analítico aqui produzido aborda a violência urbana, tendo como objeto de análise o conto Maria, da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo, publicado em Olhos D´Água (2015). A análise centra-se na convergência existente entre ficção e realidade no conto em questão; escrito por uma mulher negra que vivenciou de perto e de dentro a realidade cotidiana das classes subalternizadas no País – condição mais dolorosa e traumática se o membro dessa classe for negro, ou negra, o que torna mais complexa a existência devido ao gênero e os estereótipos a ele relacionados. A produção de Conceição Evaristo é caracterizada pelo que ela denomina de escrevivência, ou, em outras palavras, a escrita das experiências de um corpo feminino negro na conjuntura do Brasil pós-colonial. A comparação entre a ficção e a realidade no conto Maria é realizada a partir de trabalhos acadêmicos das áreas de estudos literários, antropologia, história social, sociologia e ciência política. Os resultados alcançados permitem a interpretação de que o conto Maria reproduz, na fala e nas ações das personagens, os estereótipos brasileiros em relação à mulher negra no Brasil, transferindo para a literatura as mazelas sociais e humanas que fazem parte do cotidiano das mulheres negras em um país marcado por desigualdades abissais e por uma história de escravidão que, guardas as devidas proporções, ainda não teve fim.
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