SOBRE ESCOLA, FAMÍLIAS E CRIANÇAS: SILÊNCIOS, DIÁLOGOS E ESCUTAS EM TEMPOS PANDÊMICOS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rtm.v14i25.25994
Agências de fomento
Escola Municipal de Ensino Fundamental Júlio de Oliveira, Prefeitura Municipal de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas,

Palavras-chave:

relato de experiência, pandemia, Covid-19, escola, famílias, crianças, diálogos, escuta,

Resumo

O presente texto tem por objetivo relatar a experiência de uma equipe escolar em que o contato presencial diário com estudantes e famílias foi suprimido repentinamente diante da pandemia de Covid-19 e das ações oriundas desses primeiros momentos em que se pautou o trabalho em diálogos e escutas dos sujeitos da comunidade escolar. O relato cita uma contradição que se fez presente, que neste caso foi o incentivo ao uso das tecnologias, especificamente o uso da internet e de salas de aulas virtuais como suportes para o desenvolvimento do trabalho no ensino remoto, contudo, sem favorecer, primeiramente, uma escuta dos interlocutores que se valeriam desses meios. Tendo como aportes os escritos de Freire (1996), Lopes (2004) e Krenak (2020) sobre silêncios, escutas e diálogos, o texto apresenta uma contextualização dos primeiros momentos pandêmicos, bem como as dúvidas e inseguranças impostas, em seguida discorre sobre diálogos e escutas de docentes, famílias e crianças. Assim, as escutas orientaram as próximas ações da comunidade escolar, tais como: ações solidárias, encaminhamentos para atendimentos de especialistas para crianças que enfrentavam sofrimento, subdivisão das turmas em grupos de tutoria e uso de aplicativos de mensagens como meios de comunicação prioritários. Como resultado o texto propõe que os silêncios, as escutas e os diálogos entre escolas, famílias e crianças contribuíram para a continuação do trabalho durante a pandemia, além de possibilitarem a elaboração de um mapeamento de dados pautado na realidade em que a escola está inserida.

 

Biografia do Autor

Adriano José Pinheiro, Faculdade de Educação/Unicamp Prefeitura Municipal de São Paulo

Doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp,Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP na linha de pesquisa Formação de Professores e Trabalho Docente ,membro do grupo de pesquisa LABORARTE ‐ Laboratório de Estudos sobre Arte, Corpo e Educação.Possui graduação em Letras/Inglês e pós-graduação em Arte-educação . Atua como Coordenador Pedagógico na Prefeitura Municipal de São Paulo e Professor de Educação Básica I na Prefeitura Municipal de Mairiporã,frequentou o curso Linguagem da Dança no Instituto Caleidos/SP por quatro anos e atualmente cursa a pós-graduação em Sistema Laban/Bartenieff na Faculdade Angel Vianna-RJ.

Referências

[...] O que estamos vivendo pode ser obra de uma mãe amorosa que decidiu fazer o filho calar a boca pelo menos por um instante. Não porque não goste dele, mas por querer lhe ensinar alguma coisa. “Filho, silêncio.” A Terra está falando isso para a humanidade. E ela é tão maravilhosa que não dá uma ordem. Ela simplesmente está pedindo: “Silêncio”. Esse é também o significado do recolhimento. (KRENAK, 2020, p.08).

Freire (1996, p.44): “É preciso que quem tem o que dizer saiba, sem dúvida nenhuma, que, sem escutar o que quem escuta tem igualmente a dizer, termina por esgotar a sua capacidade de dizer por muito ter dito sem nada ou quase nada ter escutado.”

António Nóvoa comentou que enfrentamos um momento de crise e que este seria um momento fundamental para que a escola mostrasse sua importância e não abandonasse os estudantes, principalmente os que mais precisam dela, os mais pobres e os mais vulneráveis.

Ouvir é um fenômeno fisiológico: escutar um ato psicológico. No primeiro nível nada distingue o homem do animal, enquanto o segundo é um ato de decifração, e nesse processo de escuta começa a desenvolver-se um espaço intersubjetivo, em que ‘escuto’ também quer dizer ‘escuta-me’. (LOPES, 2004, p.178).

Freire (1996, p. 54) comenta sobre a importância da simplicidade, qualidade que está ausente nos arrogantes e, assim como reconheceu a professora, uma atitude relativamente simples como as ligações telefônicas e, consequentemente, essa primeira escuta evidenciaram uma preocupação da equipe gestora com cada profissional da unidade escolar.

Lopes (2004, p.178) lembra que “A audição pode registrar a interioridade sem violá-la.”

Freire (1996, p.43), “Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele.”

Freire (1996, p.45) pondera sobre a importância de estar disponível à escuta com o outro e reitera que saber escutar é um dos requisitos do saber ensinar e sugere que “ao escutá-lo, aprendo a falar com ele”.

Manoel de Barros (2013, p.345) quando pondera que “por não ser contaminada de contradições/A linguagem dos pássaros/Só produz gorjeios”.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

31-05-2021

Como Citar

PINHEIRO, A. J. SOBRE ESCOLA, FAMÍLIAS E CRIANÇAS: SILÊNCIOS, DIÁLOGOS E ESCUTAS EM TEMPOS PANDÊMICOS. Temas & Matizes, [S. l.], v. 14, n. 25, p. 102–118, 2021. DOI: 10.48075/rtm.v14i25.25994. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/view/25994. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊS: A docência frente à pandemia da covid-19: novos desafios, alternativas e perspectivas teórico-metodológicas