Slogan, fé e pós-facada:

a construção discursiva de um “milagre”

Resumo

O slogan de campanha do candidato Jair Messias Bolsonaro à presidência do Brasil em 2018, qual seja, “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.”, produz, de certa forma, efeito de sentido excludente. Entrevemos que esse lugar sintático do signo linguístico “Deus” colocaria uma crença superior às outras, de modo que, depois da facada dada no candidato Bolsonaro, parece ter sido construído, a partir de dizeres seus em vídeos de campanha, um acontecimento discursivo, qual seja, o “milagre” de sua sobrevivência. Pautando-nos no pensamento da Análise de Discurso (AD), especialmente nas teorizações de Orlandi (1987), que discorre acerca do discurso religioso e da fé, e em Foucault (1995, 2009), o qual discute o poder pastoral, temos como objetivo principal problematizarmos de que maneira os dizeres do slogan de campanha do candidato em questão relacionam-se, do ponto de vista discursivo, aos dizeres proferidos por ele mesmo após a facada (pós-facada), sobretudo no que diz respeito à fé e à construção discursiva de um “milagre”.