A VISÃO TRANS-HISTÓRICA DE MIKHAIL BAKHTIN SOBRE A ESTÉTICA DO GROTESCO, EM A CULTURA POPULAR NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO: O CONTEXTO DE FRANÇOIS RABELAIS, E O ESPÍRITO CARNAVALESCO DE SHAKESPEARE, EM SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

Autores

  • Roberta FLORES SANTURIO UFSM

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v18i44.29449
Agências de fomento
CAPES

Palavras-chave:

Bakhtin, Cômico, Grotesco, Organicidade, Shakespeare

Resumo

Este estudo apresenta a concepção trans-histórica de Bakhtin no que diz respeito às visões oblíquas a que a estética do grotesco foi imposta, partindo do medievo até o Romantismo. Aqui, teço uma análise do elo universal e equânime entre o belo e o feio, o que acarreta a compreensão da gênese do espírito do carnaval e dos festejos populares proposta por Bakhtin em A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Uma vez que Bakhtin lança mão de Rabelais na aplicação de suas teorias, utilizo a célebre cena da comédia shakespeariana Sonho de uma noite de verão, em que ocorre o encontro amoroso entre a Rainha das Fadas, Titânia, e Bottom, já metamorfoseado em burro, a fim de perceber de que forma o modo de espírito carnavalesco reverberou no Renascimento e, mais precisamente, de que forma Shakespeare se apropriou do folclore popular, nesta comédia em particular, e lhe impôs sentidos. Para isso, retomo e analiso a celebração do Asno, festejo de cunho religioso/popular da Idade Média. Ao final, traço um paralelo entre vida e arte, mostrando que o estudo trans-histórico de Bakhtin acerca do realismo grotesco traz ao senso estético uma genuína libertação de imperativos morais.

Referências

BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1987.

BLOOM, H. A Midsummer Night’s Dream. In: BLOOM, H. Shakespeare – The Invention of the Human. New York: Riverhead Books, 1998. p. 148-170.

CURTIUS, E. R. Classicismo. In: CURTIUS, E. R. Literatura Europeia e Idade Média Latina. Tradução de Teodoro Cabral e Paulo Rónai. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 313-340.

ECO, U. The Beauty of Monsters. In: ECO, U. On Beauty. London: Secker & Warburg, 2004. p. 131-153.

ECO, U. The Ugly, the Comic, the Obscene. In: ECO, U. On Ugliness. London: Harvill Secker, 2007. p. 131-158.

EMERSON, C. On Mikhail Bakhtin and human studies (with continual reference to Moscow and Sheffield). Russian Journal of Communication. p.1-23, jun/2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/19409419.2017.1321437. Acesso em: 02 ago. 2021.

FOUCAULT, M. Classificar. In: FOUCAULT, M. As Palavras e as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução de Salma Tannus Muchail. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 171-226.

FOUCAULT, M. O homem e seus duplos. In: FOUCAULT, M. As Palavras e as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução de Salma Tannus Muchail. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 417-474.

FRYE, N. Anatomia da crítica. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Cultrix, 1957.

HEERS, J. Fêtes, Jeux et Joutes dans les Sociétés d’Occident à la Fin du Moyen Âge. Quebec: Bibliothèque nationale du Québec, 1971.

KNOWLES, R. Introduction. In: KNOWLES, R. (Ed.). Shakespeare and Carnival: After Bakhtin. London: Macmillan Press, 1998. p. 1-12.

LE GOFF, J. O homem medieval. Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa: Presença, 1989.

PAZ, O. “O mundo heroico”. In: PAZ, O. O Arco e a Lira. Tradução de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. p. 241-266.

SANT’ANNA, A. R. Paródia, Paráfrase e Cia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.

SHAKESPEARE, W. A Midsummer Night's Dream. Edited by R. A. Foakes. United Kingdom: Cambridge University Press, 2003. (The New Cambridge Shakespeare).

SHAKESPEARE, W. Sonho de uma noite de verão. In: SHAKESPEARE, W. William Shakespeare – Teatro completo: comédias e romances. Tradução de Bárbara Heliodora. São Paulo: Nova Aguilar, 2016. p. 306-385.

SOUZA NETTO, F. B. Do sagrado ao lúdico: A festa do asno. Revista Trans/Form/Ação. v. 21/22, p. 22-26, 1998/1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/trans/a/34h68GhkkWTWJDWRzrzvQcc/?lang=pt. Acesso em: 27 maio 2021.

Downloads

Publicado

13-03-2023

Como Citar

FLORES SANTURIO , R. A VISÃO TRANS-HISTÓRICA DE MIKHAIL BAKHTIN SOBRE A ESTÉTICA DO GROTESCO, EM A CULTURA POPULAR NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO: O CONTEXTO DE FRANÇOIS RABELAIS, E O ESPÍRITO CARNAVALESCO DE SHAKESPEARE, EM SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO. Trama, Marechal Cândido Rondon, v. 18, n. 44, p. 23–35, 2023. DOI: 10.48075/rt.v18i44.29449. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/trama/article/view/29449. Acesso em: 3 maio. 2024.

Edição

Seção

Pêcheux, Foucault e Bakhtin: contribuições, reflexões e provocações para os estu