Colonialismo climático e financeirização do carbono: Reflexões sobre o REDD+ e a autonomia socioterritorial dos povos indígenas na Amazônia

Autores

  • Fábio Márcio Alkmin Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.48075/amb.v5i2.31885

Resumo

Neste artigo, abordo a noção de “colonialismo climático”, um processo multifacetado de exploração e submetimento de países, povos e regiões sob a justificativa de combate à emergência climática global. Analiso como essa forma de controle e poder se entrelaça com a financeirização emergente do carbono na Amazônia, uma região imprescindível para as políticas climáticas por armazenar cerca de 17% do car­bono terrestre do planeta. Nesse sentido, busco apontar como mecanismos neoliberais de mitigação cli­mática, particularmente o REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), podem impactar a autonomia socioterritorial das comunidades indígenas e perpetuar estruturas de do­minação e submetimento. Utilizo para isso uma abordagem interdisciplinar, que engloba revisão biblio­gráfica, análise de políticas públicas, entrevistas e pesquisa de campo na Amazônia Legal brasileira. Argu­mento que, embora mecanismos como o REDD+ sejam promovidos como “soluções” para o aquecimento do planeta a partir do “protagonismo indígena”, seus efeitos concretos tendem a agir em sentido con­trário: aprofundam a crise climática e atuam como forças heterônomas nos territórios. Sugiro que o for­talecimento de mecanismos de autonomia e governança territorial, controlados diretamente pelas comu­nidades indígenas, seja crucial para enfrentarmos eficazmente a crise climática. Nesse contexto, enfatizo a necessidade de fortalecimento dos direitos indígenas ao território e à autodeterminação, além da im­plementação de políticas reparadoras que reconheçam a importância concreta desses povos para o clima do planeta.

Palavras-chave: Colonialismo Climático; Povos Indígenas; REDD+; Autonomia Territorial; Amazônia Legal.

 

Climate colonialism and carbon financialization: Reflections on REDD+ and the Socio-Territorial Autonomy of Indigenous Peoples in the Amazon

Abstract

In this article, I explore the concept of “climate colonialism,” a multifaceted process of exploitation and subjugation of countries, peoples, and regions under the guise of combating global climate emergencies. I examine how this form of control intersects with the emerging financialization of carbon in the Amazon, a region crucial for global climate policies as it stores approximately 17% of the planet's terrestrial carbon. In this regard, I aim to highlight how neoliberal climate mitigation mechanisms, particularly REDD+ (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation), may impact the socio-territorial autonomy of indigenous communities and perpetuate structures of domination. Employing an interdisciplinary approach that includes literature review, public policy analysis, interviews, and field research in the Brazilian Amazon, I argue that although mechanisms like REDD+ are promoted as “solutions” based on “indigenous protagonism”, their actual effects often deepen the climate crisis and serve as heteronomous forces in territories. I suggest that strengthening mechanisms of autonomy and territorial governance, directly controlled by indigenous communities, is critical for effectively addressing the climate crisis. In this context, I emphasize the need for strengthening indigenous rights to territory and self-determination and the implementation of reparative policies that recognize the concrete importance of these communities to the planet's climate.

Keywords: Climate Colonialism; Indigenous Peoples; REDD+; Territorial Autonomy; Legal Amazon.

 

Colonialismo climático y financiarización del carbono: Refle­xiones sobre el REDD+ y la autonomía socioterritorial de los pueblos indígenas en la Amazonía

Resumen

En este artículo, abordo el concepto de “colonialismo climático”, un proceso multifacético de explotación y sometimiento de países, pueblos y regiones bajo el pretexto de combatir emergencias climáticas globa­les. Examino cómo esta forma de control se cruza con la financiarización emergente del carbono en la Amazonia, una región crucial para las políticas climáticas globales ya que almacena aproximadamente el 17% del carbono terrestre del planeta. En este sentido, busco destacar cómo los mecanismos neoliberales de mitigación climática, particularmente REDD+ (Reducción de Emisiones por Deforestación y Degrada­ción Forestal), pueden afectar la autonomía socioterritorial de las comunidades indígenas y perpetuar estructuras de dominación. Utilizando un enfoque interdisciplinario que incluye revisión bibliográfica, análisis de políticas públicas, entrevistas e investigación de campo en la Amazonia Legal brasileña, argu­mento que, aunque mecanismos como REDD+ se promocionan como “soluciones” basadas en el “prota­gonismo indígena”, sus efectos reales a menudo profundizan la crisis climática y actúan como fuerzas heterónomas en los territorios. Sugiero que el fortalecimiento de mecanismos de autonomía y gober­nanza territorial, controlados directamente por las comunidades indígenas, es crucial para abordar efi­cazmente la crisis climática. En este contexto, enfatizo la necesidad de fortalecer los derechos indígenas al territorio y la autodeterminación, además de la implementación de políticas reparadoras que reconoz­can la importancia concreta de estas comunidades para el clima del planeta.

Palabras clave: Colonialismo Climático; Pueblos Indígenas; REDD+; Autonomía Territorial; Amazonia Le­gal.

Downloads

Publicado

20-12-2023

Como Citar

ALKMIN, F. M. Colonialismo climático e financeirização do carbono: Reflexões sobre o REDD+ e a autonomia socioterritorial dos povos indígenas na Amazônia. AMBIENTES: Revista de Geografia e Ecologia Política, [S. l.], v. 5, n. 2, 2023. DOI: 10.48075/amb.v5i2.31885. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/ambientes/article/view/31885. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos