A vulnerabilidade do povo indígena Panará à contaminação das águas superficiais
DOI:
https://doi.org/10.48075/amb.v7i2.33857Resumo
O objetivo deste artigo é analisar os riscos socioambientais atrelados aos recursos hídricos na Terra Indígena (TI) Panará. Os resultados evidenciam que a vulnerabilidade está relacionada à posição da terra indígena na sub-bacia e ao contexto do uso e ocupação do solo na área. A pesquisa partiu da análise de dois episódios de alteração da qualidade da água do rio Iriri, registrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e que seguem sendo monitorados em pesquisa no Laboratório de Química Ambiental da Universidade de Campinas (Unicamp) e também por meio de observação e dos relatos dos indígenas. Foi feita uma incursão em campo, quando cinco lideranças foram entrevistadas. Posteriormente, a transcrição das gravações foi analisada qualitativamente. Além disso, pesquisa etnográfica realizada com o povo Panará por dois autores possibilita abordar aspectos da vida do grupo e sua relação com o rio, bem como apontar como esse povo foi vítima de violências do Estado que precisam ser reparadas. Dados espaciais sobre estrutura fundiária, ocupações irregulares e do desmatamento na área da sub-bacia até 2023 foram espacializados para subsidiar as análises. Conclui-se que há necessidade de o Estado brasileiro priorizar o conceito de bacia e sub-bacia hidrográfica nos processos de demarcação e proteção das terras indígenas, revelando que as terras públicas não destinadas são parte do problema, resultado da negligência do Estado em relação ao uso e ocupação descontrolada das terras públicas da União.
Palavras-chave: Demarcação de terras indígenas; Área de drenagem do rio Iriri; Uso e ocupação do solo.
The vulnerability of the Panará indigenous people to contamination of surface waters
Abstract
The purpose of this article is to analyze the socio-environmental risks linked to water resources in the Panará indigenous land. The results show the vulnerability of the Panará people in relation to the position of the indigenous land in the sub-basin and the context of land use and occupation in the area. The research started from the analysis of two episodes of alteration of the water quality of the Iriri River, registered by Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) and which are still being monitored in research at the Environmental Chemistry Laboratory of the University of Campinas (Unicamp), in addition to the observation and reports of the indigenous people. During a field trip, five leaders were interviewed. Subsequently, the transcription of the recordings was analyzed qualitatively. In addition, ethnographic research conducted with the Panará people by two authors allows us to address aspects of the group's life and its relationship with the river, as well as to point out how this people was the victim of State violence that needs to be redressed. Spatial data on land ownership structures, irregular occupations and deforestation in the sub-basin area up to 2023 were spatialized to support the analysis. It concluded on the need for the Brazilian State to prioritize the concept of basin and sub hydrographic basin in the demarcation and protection of indigenous lands, revealed that public lands, not designated, are part of the problem, resulting from the neglect of the State in relation to the uncontrolled use and occupation of public lands in the union.
Keywords: Demarcation of indigenous lands; Iriri river drainage area; Land use and occupation.
La vulnerabilidad del pueblo indígena Panará a la contaminación de las aguas superficiales
Resumen
El objetivo de este artículo es analizar los riesgos socioambientales vinculados a los recursos hídricos en la Tierra Indígena (TI) de Panará. Los resultados muestran la vulnerabilidad relacionada con la posición de la tierra indígena en la subcuenca y el contexto de uso y ocupación del suelo en la zona. La investigación se basó en el análisis de dos episodios de alteración de la calidad del agua del río Iriri, registrados por el Instituto Brasileño del Medio Ambiente y de los Recursos Naturales Renovables (IBAMA), y que siguen siendo monitoreados en investigaciones del Laboratorio de Química Ambiental de la Universidad de Campinas (Unicamp), además de la observación y denuncias de indígenas. Em una incursión en el terreno, se entrevistó a cinco líderes. Posteriormente, se analizó cualitativamente la transcripción de las grabaciones. Además, una investigación etnográfica realizada con el pueblo Panará por dos autores permite abordar aspectos de la vida del grupo y su relación con el río, así como señalar cómo este pueblo fue víctima de violencias por parte del Estado que deben ser reparadas. Para apoyar los análisis se utilizaron datos espaciales sobre estructuras de propiedad de la tierra, ocupaciones irregulares y deforestación en el área de la subcuenca hasta 2023. La conclusión es que el Estado brasileño necesita priorizar el concepto de cuenca y subcuenca hidrográfica en la demarcación y protección de las tierras indígenas, revelando que las tierras públicas no asignadas son parte del problema, resultado de la negligencia del Estado en relación con el uso y ocupación incontrolados de las tierras públicas federales.
Palabras clave: Demarcación de tierras indígenas; Área de drenaje del río Iriri; Uso y ocupación de tierras.
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