Esportes radicais no meio ambiente urbano no município de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.36453/2318-5104.2017.v15.n1.p83Palavras-chave:
cultura, lazer, esporteResumo
A observação de pessoas procurando praças, ruas, paredes de escalada, bancos, muros e rampas pela cidade, para se divertir e se exercitar representa um novo contexto de prática esportiva que esta pesquisa busca revelar. O objetivo deste estudo foi reconhecer os locais e atores das práticas de skate, escalada e slakline e suas motivações para a busca destas modalidades. Utilizou-se uma pesquisa descritiva exploratória com 46 sujeitos, sendo 16 escaladores, 20 skatistas e 10 slakliners, da cidade de São Paulo, que responderam um questionário desenvolvido especificamente para essas atividades. Os resultados apontaram que: Há predominância do sexo masculino entre os participantes, revelando um preconceito que ainda perdura na prática esportiva. Os escaladores têm média de idade maior do que os demais, talvez devido à necessidade de equipamentos mais caros, dos maiores riscos da prática e da necessidade de cursos para aprendizagem. Os skatistas em média praticam há mais tempo, provavelmente porque a cultura do skate é mais antiga e consolidada em São Paulo. Observa-se que no slakline todos praticam a menos de três anos mostrando que é uma modalidade ainda recente no cenário nacional. Os participantes da pesquisa afirmam ter aprendido sozinhos, ou com amigos e familiares, evidenciando-se nesse aspecto que a Educação Física não é considerada como iniciação. Os sujeitos apontam o ganho de benefícios físicos, mentais e sociais nas suas vidas e sua intenção de continuar a prática pela qualidade de vida, diversão, evolução física e psicológica. Apenas 10,8% afirmam competir, o que mostra que os esportes radicais são considerados na perspectiva da participação voluntária. Conclui-se que os esportes radicais estão sendo incorporados à rotina das pessoas, acrescentando novo contorno à cultura corporal, numa busca de superação, de enfrentamento de desafios, do controle do risco, do prazer, e da qualidade de vida. Fica evidente que há uma distância entre a formação dos profissionais de Educação Física e estas novas práticas.
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