Morrer para viver: esboço de uma análise antropológica sobre narrativas de experiências de quase-morte
DOI :
https://doi.org/10.48075/rtc.v26i51.22986Mots-clés :
Morte. Narrativas. Cosmologia.Résumé
A morte é um fenômeno que revela importantes aspectos culturais, e as ciências sociais, em especial a antropologia, já demonstraram o potencial desse fenômeno para além dos seus aspectos biológicos. A morte é entendida aqui como um fenômeno relevante para entender os modos de conceber a vida. Neste artigo, a partir de relatos de Experiências de Quase-Morte (EQM), o autor realiza uma análise antropológica dessas narrativas, observando os sentidos e significados culturais expressos pelos informantes que forneceram o material etnográfico desta análise. Para desenvolver a argumentação, o artigo é dividido em três perspectivas analíticas: (1) a descrição fenomenológica, onde é delimitado o que é uma Experiência de Quase-Morte e como são compostas tais experiências, tanto no sentido narrativo como no sentido de identificar recorrências em tal fenômeno; (2) os aspectos etiológicos, em que se analisa como a medicina compreende a Experiência de Quase-Morte e o que já foi catalogado até agora, e, ainda, apresenta e compara as rupturas e continuidades entre a perspectiva biológica e cultural; e, (3) os aspectos pragmáticos, em que é analisada a estrutura narrativa de uma EQM, evidenciando quais processos são acionados para a constituição dos arcabouços culturais decorrentes da experiência vivida pelos informantes, e, ainda, faz-se uma comparação entre as estruturas narrativas da quase-morte com as de experiências de conversão, na tentativa de identificar possíveis aproximações e distanciamentos. Como aspectos conclusivos da análise, o autor destaca que nas narrativas das Experiências de Quase-Morte estão presentes elementos que descrevem a reconfiguração das ideias, posturas e valores morais dos informantes, e que embora a quase-morte seja classificada pela medicina como um fenômeno biológico, ela aparece no discurso dos informantes como um fenômeno cultural, e, ainda, funciona como um operador ontológico, o qual reconfigura a lógica simbólica, operando significados, sentidos e práticas, entre os quais o significado da morte, que, a partir de então, é concebida sem medo.Fichiers supplémentaires
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