CAPACITISMO: ENTRE A DESIGNAÇÃO E A SIGNIFICAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v17i40.26199Palavras-chave:
Capacitismo, Deficiência, Semântica do AcontecimentoResumo
Nas discussões atuais que envolvem as questões referentes à pessoa com deficiência, uma nova designação tem ganhado espaço. Trata-se do capacitismo, expressão que designa o preconceito em relação às pessoas com deficiência, que surge a partir do fato de que no senso comum pressupõe-se que o sujeito com deficiência possui todas as suas capacidades limitadas ou reduzidas, constituindo-se em uma pessoa automaticamente “menos capaz”. Assim, o presente artigo tem por objetivo compreender o funcionamento semântico das reescriturações da designação capacitismo. O aporte teórico-metodológico se dá a partir da teoria da enunciação, com foco na Semântica do Acontecimento, postulada por Guimarães (2018), que mobiliza a enunciação enquanto um acontecimento histórico-social, inscrito no espaço e no tempo. Nosso corpus se constitui a partir de três recortes de uma reportagem do jornal Estadão, em que diferentes entrevistados apresentam a sua perspectiva em relação à temática do capacitismo a partir das suas próprias vivências. Com base no movimento analítico, observamos que a designação capacitismo se reescreve, majoritariamente, pelo modo de elipse e expansão, e o sentido por definição, especificação e desenvolvimento, apresentando um imaginário coletivo de que as pessoas com deficiência são automaticamente incapazes e que têm as suas habilidades restritas em todas as esferas da sua vida, o que costuma não ser verídico, como enunciado pelos próprios entrevistados. O capacitismo acolhe um conjunto de sentidos que revelam preconceitos e estereótipos socialmente construídos e historicamente difundidos, que hoje perpassam os discursos do senso comum.
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Recebido em 31-10-2020
Revisões requeridas em 02-01-2021
Aceito em 11-01-2021
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