Representações marginais na escrita de João Antônio: do malandro ao marginal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v14i2.25236
Agências de fomento

Palavras-chave:

Marginalidade, malandragem, literatura marginal, João Antônio.

Resumo

O termo marginal comporta nuances de significações que reverberaram nas teorias sociais para explicar os processos de marginalização e exclusão forjados pelo capitalismo na América Latina, bem como a noção também ecoa na crítica literária. Desse modo, a noção de marginalidade reveste-se de enredamentos que movem a acepção por dimensões estéticas, políticas e sociais. Numa abordagem estritamente artística, marginais são as produções que rompem com normas e paradigmas estéticos, afrontando o cânone literário. Mas é possível situá-la no deslizamento de sentido que irá se referir àqueles classificados de bandidos e delinquentes, que vivem à margem da lei, excluídos e marginalizados social, econômica e culturalmente. O presente estudo faz um recorte dentro da obra do escritor paulista João Antônio, observando a temática da marginalidade que se mostra por meio dos seus personagens marginais à sociedade e à literatura, pois João Antônio vai narrar a história do submundo, daquele que é invisibilizado. O recorte deste estudo privilegia narrativas do contista que, entre as décadas de 1960 e 1980, produziu obras em que os marginalizados entram definitivamente nas páginas de nossa literatura como verdadeiros protagonistas. Para problematizar a questão da marginalidade na obra de João Antônio iremos analisar dois contos: “Malagueta, Perus e Bacanaço”, que integra a coletânea de mesmo nome, primeiro livro publicado por João Antônio, em 1963, ganhador de vários prêmios, inclusive o Jabuti; e o conto “Paulinho Perna Torta”, do livro Leão de Chácara (1975).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rosselane Liz Giordani, Unioeste- Doutorado

Possui graduação em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1998) e mestrado (2007) pelo Programa de Pós Graduação em Letras/Universidade Estadual Oeste do Paraná ? Linguagem e Sociedade. Na pesquisa de Mestrado, na área de Linguística pesquisou as estratégias retóricas-discursivas no discurso jornalístico. Atualmente doutoranda em Letras, na linha de Pesquisa Literatura Linguagem Literária e Interfaces Sociais: Estudos Comparados, pesquisa as relações do discurso jornalístico com a linguagem literária. Foi professora no Curso de Jornalismo nos Centros Universitários Univel e FAG, responsável por disciplinas teóricas e práticas como Estética da Comunicação, Tópicos Avançados em Jornalismo Impresso e Eletrônico, Técnicas de Redação e Reportagem I e II, Jornalismo Especializado e Jornalismo Literário. Tem experiência na área de Comunicação, em jornalismo político, comunitário e especializado, tendo atuado como pauteira, redatora, repórter e editora de jornais regionais, e coordenado revisões gráficas e editoriais de suplementos impressos, além de coordenar atividades e projetos culturais em Educomunicação e audiovisual na Secretaria de Comunicação e Secretaria de Cultura na Prefeitura de Toledo/PR. Atuou também em projeto de Educomunicação voltado ao público infantil na rede Pública Municipal de Pato Branco/PR e também é idealizadora e organizadora do Festival de Curtametragem de Toledo e do Projeto Pacote Literário e Café Literário. Mediadora do Clube de Leitura Leia Mulheres Toledo/PR. Número do ORCID - https://orcid.org/0000-0002-5246-1955

Referências

ANTÔNIO, João. Malagueta, Perus e Bacanaço. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963.

ANTÔNIO, João. Leão-de-chácara: contos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

ANTÔNIO, João. A literatura que faz questão de ser suja. Correio do Povo, Porto Alegre, 09 jul. 1977.

ANTÔNIO, João. Casa de loucos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1976.

CANDIDO, Antônio. Um banho incrível de humanidade. In: ANTÔNIO, João. Dedo-duro. Rio de Janeiro: Record, 1982. Paratexto da obra (abas).

CANDIDO, Antônio. Na noite enxovalhada. Remate de Males, Campinas, 1999, n. 19, p. 83-88.

CANDIDO, Antônio. “A dialética da malandragem. (Caracterização das Memórias de um sargento de milícias)”. Manuel Antonio de Almeida. Memórias de um sargento de milícias. Edição crítica de Cecília Lara. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1978.

CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 2008. 611p.

DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis – para uma sociologia do dilema brasileiro. 6. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DURIGAN, Jesus Antonio. João Antônio e a ciranda da malandragem. In: SCHWARZ, Roberto. Os pobres da literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.

FREITAS FILHO, Armando; HOLLANDA, H. B. de; GONÇALVES, M. A. Anos 70 – Literatura. Rio de Janeiro: Europa, 1980.

GOMES, Duílio. O fenômeno João Antônio. Correio do Povo, Porto Alegre, 25 set. 1976. Caderno de Sábado. p. 2.

HARVEY, d. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 18ed. São Paulo: Loyola, 2009. 349p.

HOLLANDA, Heloísa. Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde: 1960/70. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2004.

HOHLFELDT, Antonio. Conto brasileiro contemporâneo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1981.

NASCIMENTO, Érica Peçanha do. Vozes marginais na literatura. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2009.

OLIVEIRA, Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria literária. In: Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011. Disponível em http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2011/05/7-Literatura.pdf acessado em 15 de agosto de 2018.

PARK, Robert. A migração humana e o homem marginal. Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury. Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia, v.1, n.3, p. 114-123, novembro de 2017.

PEREIRA, Luiz (Org.). Populações “marginais”. São Paulo: Duas Cidades, 1978.

QUIJANO, Aníbal. Notas sobre o conceito de marginalidade social. In: PEREIRA, Luiz (Org.). Populações “marginais”. São Paulo: Duas Cidades, 1978.

ROCHA, João César de Castro. A guerra dos relatos no Brasil contemporâneo. Ou: a dialética da marginalidade. Letras, Santa Maria, n° 32, pp.24-70, jan-jun, 2006. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11909/7330 acessado em 19 de agosto de 2018.

ROSA, Maria Eneida Matos da (FAMA) Tempos de repressão em “Paulinho Perna Torta”, de João Antônio. In: Terra roxa e outras terras – Revista de Estudos Literários, Volume 19, pp. 61-71. 2010. Disponível em: http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa acessado em 19 de agosto de 2018.

SARAIVA, Arnaldo. Literatura marginalizada. Porto: [s.n.], 1975.

SARAIVA, Arnaldo. Literatura marginalizada: novos ensaios. Porto: [s.n.], 1980.

SEVERIANO, Mylton. Paixão de João Antônio. São Paulo: Editora Casa Amarela, 2005.

SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Literatura marginal. In: SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

SCHWARZ, Roberto. Os pobres da literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.

SOARES, Mei Hua. A literatura marginal-periférica e a escola. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

TYNIANOV, Iuri. Da evolução literária. In: TOLEDO, Dionísio (org.). Teoria da literatura: Formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1978.

ZILBERMAN, Regina. João Antônio: contos, com velhos heróis. Jornal da Tarde, São Paulo, 30 de agosto. 1986.

Downloads

Publicado

31-08-2020

Como Citar

GIORDANI, R. L. Representações marginais na escrita de João Antônio: do malandro ao marginal. Travessias, Cascavel, v. 14, n. 2, p. e25236, 2020. DOI: 10.48075/rt.v14i2.25236. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/25236. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

[DT] À MARGEM: RESISTÊNCIAS E REEXISTÊNCIAS NA LITERATURA BRASILEIRA