Humor e negritude

algumas considerações acerca de quando brancos racistas se tornam a piada

Autores

  • Mateus Pranzetti Paul Gruda Universidade Estadual Paulista (UNESP) https://orcid.org/0000-0001-5251-2874
  • Leonardo Bonadio Silva Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO)

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v16i2.29064

Palavras-chave:

Negritude, Humor, Politicamente Incorreto, Piadas

Resumo

Ao observarmos as condições sócio-históricas e culturais de formação da sociedade brasileira, podemos apontar a escravidão como uma das principais dimensões para sua constituição e o racismo consequente disso como algo estruturante da realidade, das relações e dos processos de subjetivação. As formas de perpetuação do racismo são variados atos e tipos de mensagens e representações direcionadas às minorias raciais a fim de desprezá-las e segregá-las. Neste ensaio, nos debruçamos sobre o discurso humorístico, desdobrando o quanto ele pode ser reforçador de um chamado “racismo recreativo” – tal como conceitua Adilson Moreira -, mas, também pode servir a criticar a ordem racista quando inverte o alvo da zombaria e escarnece de pessoas brancas preconceituosas. Nossas considerações se fundamentam nas noções de um “humor politicamente incorreto crítico” e de um “humor do discurso reverso” correlacionadas com um recorte bastante panorâmico do humorismo praticado por comediantes brasileiros negras e negros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mateus Pranzetti Paul Gruda, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Bacharel, Mestre e Doutor (Bolsista Fapesp) em Psicologia pela UNESP/Assis. Pesquisador Estagiário no Centre for Comedy Studies Research da Brunel University London (Bolsa de Doutorado Sanduíche da CAPES). Pós Doutorando em Psicologia na UNESP-Assis (Bolsista CAPES)

Leonardo Bonadio Silva, Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO)

Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO). Atuou, como Auxiliar de Escritório, no CAPS-ad da cidade de Ourinhos-SP de Jun./2016 a Jan./2019. Possui interesse nas áreas: Atenção Psicossocial; Masculinidades; Saúde Mental; Uso de álcool e outras drogas.

Referências

BILLIG, Michael. Laughter and Ridicule: Towards a Social Critique of Humour. London: SAGE Publications, 2005.

CARTA CAPITAL. Adilson Moreira: “O humor racista é um tipo de discurso de ódio”. Carta Capital. 20 dez. 2018. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/justica/adilson-moreira-o-humor-racista-e-um-tipo-de-discurso-de-odio/. Acesso em: 28 mar. 2022.

CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia?. São Paulo: Brasiliense, 1994.

DAHIA, Sanda Leal de Melo. A mediação do riso na expressão e consolidação do racismo no Brasil. Sociedade e Estado, Brasília, v. 23, n. 3, p. 697-720, set./dez. 2008.

FABRI, Leonardo. As políticas da desigualdade racial no Brasil: uma república erguida com cotas para os brancos. Blog da Boitempo, 30 de junho de 2020. Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/2020/06/30/as-politicas-da-desigualdade-racial-no-brasil-uma-republica-erguida-com-cotas-para-os-brancos/. Acesso em: 28 mar. 2022.

FONSECA, Dagoberto José. A piada: discurso sutil de exclusão, um estudo do risível no “racismo à brasileira”. 1994. 307 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1994.

GRUDA, Mateus Pranzetti Paul. O discurso do humor politicamente incorreto no mundo contemporâneo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2017.

IÑIGUEZ, Lupicinio. Manual de análise do discurso em ciências sociais. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

LOCKYER, Sharon; PICKERING, Michael (org.) Beyond a joke: the limits of humour. New York: Palgrave Macmillan, 2005.

MARÇAL, Yuri. Perfil no Instagram. Disponível em: http://www.instagram.com/oyurimarcal. Acesso em: 28 mar. 2022.

MINOIS, George. História do riso e do escárnio. Tradução de M. Assumpção. São Paulo: Ed. da UNESP, 2003.

MOREIRA, Adilson. Racismo recreativo. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

NOGUEIRA, Conceição. Análise(s) do discurso: diferentes concepções na prática de pesquisa em psicologia social. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 24, n. 2, p. 235-242, 2008.

PINSKY, Jaime. A escravidão no Brasil. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

PRETO, Gui. Canal no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCfnoF8Z4ms0qUtuE6ZARyZw. Acesso em: 28 mar. 2022.

PRETO, Gui. Perfil no Instagram. Disponível em: http://www.instagram.com/oguipreto. Acesso em: 28 mar. 2022.

THEODORO, Mário. “Exclusão ou inclusão precária? O negro na sociedade brasileira”. Inclusão Social, Brasília, v. 3, n. 1, p. 79-82, out. 2007/mar. 2008.

WEAVER, Simon. The rhetoric of racist humour: US, UK and global race joking. Farnham: Ashgate publishing, 2011.

ŽIŽEK, Slavoj. (org.). Um mapa da Ideologia. Tradução de V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto,

Downloads

Publicado

29-08-2022

Como Citar

PRANZETTI PAUL GRUDA, M.; BONADIO SILVA, L. Humor e negritude: algumas considerações acerca de quando brancos racistas se tornam a piada. Travessias, Cascavel, v. 16, n. 2, p. e29064, 2022. DOI: 10.48075/rt.v16i2.29064. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/29064. Acesso em: 12 maio. 2024.

Edição

Seção

ENSAIOS E TEMAS INTERDISCIPLINARES