A literatura nos trilhos da memória e da história
Terra de Caruaru, de José Condé
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v16i2.29203Palavras-chave:
Literatura, História, Memória, José CondéResumo
Este artigo tem o objetivo de analisar o romance Terra de Caruaru (publicado inicialmente em 1960), do escritor pernambucano José Condé, à luz dos vínculos mantidos entre a memória e a história. Os referenciais teóricos timbrados na análise, a partir de Sandra Jatahy Pesavento, Antonio Candido, Carlo Ginzburg, Jeanne Marie Gagnebin, Aleida Assmann, entre outros, propuseram refletir sobre as marcas existentes dentro do texto literário que viabilizam remeter à exterioridade, tendo como eixos norteadores da investigação os vieses mnemônicos e históricos. A narrativa condeana, ambientada na cidade de Caruaru, localizada na mesorregião do Agreste de Pernambuco, aponta para aspectos biográficos do autor, modelando a obra dialeticamente pelas reminiscências da sua infância, que aparecem fortemente na narrativa. Além disso, na simbiose entre o literário e o histórico, o texto constrói o horizonte da gênese municipal e seu cotidiano sociopolítico na década de 20 do século XX, amalgamado pelo coronelismo, pelo cangaço, pelos perfis humanos, pela cultura e paisagismo do interior nordestino e pelo anseio de progresso. Com um traço regional que lhe confere originalidade estética, o romance estrutura espaços e seres diegéticos que encontram modos de significação nos recursos extratextuais que os exteriorizam, atravessando os trilhos da memória e da história.
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