Corpos que se dizem

a mulher moradora de rua

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v16i3.29276

Palavras-chave:

Discurso, corpo, moradora de rua

Resumo

Este artigo analisa dois recortes discursivos referentes a uma entrevista com duas moradoras de rua a respeito da autopercepção de seus corpos em meio à situação de miserabilidade que vivem. Buscamos, por meio da análise, problematizar os efeitos de sentido que se estabelecem no discurso em razão de uma memória que, ignorante à posição-sujeito ocupada pelas duas mulheres, faz com que elas anunciem, num dos casos, um discurso investido de uma vaidade que performatiza o seu pertencimento a uma formação discursiva da feminilidade. O discurso em cena permite vislumbrar o trabalho de uma memória que mobiliza os dizeres para além de um aspecto econômico-social ocupado pelos sujeitos moradoras de rua. O segundo recorte em cena problematiza como o discurso sobre si ressignifica o lugar de exclusão, no sentido de que a rua é um espaço de excluídos, mas é o lar de quem o habita. Considerando os dois recortes enunciativos é possível avaliar os estereótipos e imaginários sociais presentes nos discursos tomados para reflexão. O artigo tem como referencial teórico e metodológico a Análise de Discurso de linha francesa fundada por Michel Pêcheux e desenvolvida no Brasil a partir dos estudos de Orlandi e demais pesquisadores que se alinham à teoria; a pesquisa é de caráter qualitativo-interpretativista.

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Biografia do Autor

Francielly Thais Hirata, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Possui mestrado em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), pós-graduada em Comunicação Comunitária e Popular pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e graduação em Comunicação Social pela Faculdade Maringá (2005). Tem experiência na área de Comunicação, Educomunicação e Comunicação Comunitária e Popular. Estuda discursos, escuta e silenciamento.

Luciane Thomé Schröder, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Lonrina (UEL). Docente do curso de graduação em Letras e vinculada ao Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL), nível de mestrado e doutorado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE, campus de Cascavel e do Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), na mesma universidade. https://orcid.org/0000-0002-6208-9587. E-mail: ltschroder@gmail.com

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Publicado

19-12-2022

Como Citar

HIRATA, F. T.; SCHRÖDER, L. T. Corpos que se dizem: a mulher moradora de rua. Travessias, Cascavel, v. 16, n. 3, p. e29276, 2022. DOI: 10.48075/rt.v16i3.29276. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/29276. Acesso em: 23 abr. 2025.

Edição

Seção

LINGUAGEM