Leitura e produção do livro de literatura infantil: do analógico ao digital
Palavras-chave:
Tecnologia, Multiletramentos, Literatura infantil, Livros digitais.Resumo
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) não só possibilitam a exploração de novas formas de produzir conhecimento e de utilizar a linguagem, como também produzem mudanças nas formas de ler e escrever. Nesse cenário, verifica-se que o livro impresso, que por tempos se manteve como o principal suporte dos textos verbais, visuais e verbo-visuais, enfrenta a concorrência de formatos digitais que favorecem a incorporação de múltiplas semioses. Considerando esse contexto, este artigo tem como objetivo discutir como os avanços tecnológicos têm afetado os modos de produção e de leitura textual do livro de literatura infantil. O arcabouço teórico se apoia nos estudos de tecnologia (CUPANI, 2004; BAUMGARTEN, 2006; LEMOS, 2015), da linguagem (MARCUSCHI, XAVIER, 2005; HJELMSLEV, 2006), do livro (CHARTIER, 1998; FLUSSER, 2010; ECO; CARRIÈRE, 2010), do livro de literatura infantil (LINS, 2004; HUNT, 2010; AL-YAQOUT; NIKOLAJEVA, 2015), dos multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2000, 2009; ROJO, 2012), entre outros. As reflexões realizadas desvelam que a diferença entre os livros analógicos e digitais não está apenas no suporte e no formato, mas também nas interações estabelecidas, nas práticas de leitura suscitadas, e nas potencialidades das semioses empregadas no percurso de produção de sentido. A análise empreendida evidencia que os livros literários infantis, em ambiente digital, acionam modos diferenciados de ler e sobrelevam a necessidade de maior interatividade por parte do leitor.Downloads
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