A mulher “Nem recatada ou do lar” em Esmeralda, Por que não dancei e Ponciá Vicêncio

Autores

  • Maria Tereza Amodeo
  • Mariana Borda Gueiral
Agências de fomento

Palavras-chave:

Mulher negra, periferia, identidade, narrativa.

Resumo

Na contemporaneidade tem sido possível identificar, nas diferentes modalidades de produção cultural, a manifestação de vozes autorais de grupos marginalizados, excluídos dos centros sociais e econômicos. Nesse âmbito, reconhece-se a voz da mulher pobre e negra da periferia dos centros urbanos, que constrói formas legítimas de expressão que desafiam a hegemonia do cânone, predominantemente etilista e masculino. Esmeralda, por que não dancei?, de Esmeralda do Carmo Ortiz, é a narrativa da vida da própria autora, menina negra e pobre, que esteve nas ruas de São Paulo desde os oito anos de idade. Organiza-se a partir de um relato fluente, coloquial, dinâmico, somado a documentos, depoimentos e fotografias, compondo um mosaico de sentidos original e contundente. Ponciá Vicêncio, o romance de formação de Conceição Evaristo, reconstitui literariamente a história da protagonista, negra e pobre, que vai para a cidade em busca de oportunidades negadas aos negros na roça. Modalidades narrativas diferentes, aqui analisadas nas suas especificidades e na forma como articulam possibilidades de expressão/representação da mulher negra e pobre no contexto brasileiro, em busca de sua identidade, evidenciando resistência e legitimação e promovendo um exercício de alteridade, quer seja por meio de um relato habilmente construído de uma experiência vivida, quer seja pela narrativa literária, ambas promovendo a expansão do beco ao belo (Chiappini).  O Segundo Sexo (2016), de Simone de Beauvoir; Mulher, casa e cidade (2015), de Antonio Risério; Literatura brasileira contemporânea: um território contestado (2012), de Regina Dalcastagné constituem o aporte teórico utilizado como fundamentação da análise.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Tereza Amodeo

Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

 

Mariana Borda Gueiral

Graduanda em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).

Referências

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

CHIAPPINI, Ligia. Do beco ao belo: dez teses sobre regionalismo. Estudos históricos, Rio de Janeiro, v., 8, n.15, p. 153-159, 1995.

CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

DALCASTAGNÉ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. São Paulo: Horizonte, 2012

EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazá Editora, 2005.

JESUS, Ana Carolina Maria de. Quarto de despejo. São Paulo: Ática Editora, 2007.

ORTIZ, Esmeralda do Carmo. Esmeralda: por que não dancei. São Paulo: SENAC Editora, 2000.

RESENDE, Beatriz. Contemporâneos: expressões da literatura brasileira do século XXI. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.

RISÉRIO, Antônio. Mulher, casa e cidade. São Paulo: Editora 34, 2015.

Downloads

Publicado

04-05-2018

Como Citar

AMODEO, M. T.; GUEIRAL, M. B. A mulher “Nem recatada ou do lar” em Esmeralda, Por que não dancei e Ponciá Vicêncio. Travessias, Cascavel, v. 12, n. 1, p. e19389, 2018. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/19389. Acesso em: 19 mar. 2024.

Edição

Seção

[DT] ESCRITURAS FEMININAS À MARGEM: DIÁLOGOS NA AMÉRICA LATINA E NA PENÍNSULA IB