Lendo o mundo nas aulas de educação física no ensino médio: por uma ecologia de saberes contra-hegemônicos sobre as práticas corporais e o corpo
DOI:
https://doi.org/10.36453/cefe.2021.n3.27119Palavras-chave:
Educação Física, Ensino Médio, Leitura de Mundo, Ecologia de Saberes.Resumo
OBJETIVO: Relatar uma experiência político-pedagógica que ampliou a leitura de mundo dos estudantes do Ensino Médio sobre os conhecimentos contra-hegemônicos produzidos sobre as práticas corporais e o corpo durante as aulas de Educação Física.
MÉTODOS: Foi relatada uma experiência educativa com estudantes do 1º ano do curso de Eletrônica integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal de São Paulo – Campus SP, entre os meses de agosto e dezembro de 2020. A turma possui aproximadamente 40 alunos e o currículo é constituído por duas aulas semanais de Educação Física.
RESULTADOS: Os estudantes realizaram uma leitura crítica do mundo sobre os saberes contra-hegemônicos sociais, políticos, econômicos, históricos, biológicos e fisiológicos que se relacionam com as práticas corporais e o corpo, produzidos pela literatura científica e movimentos sociais, durante as aulas do componente curricular.
CONCLUSÃO: Ao fazer um diálogo entre os conceitos de leitura de mundo e ecologia de saberes contra-hegemônicos, produzidos por Paulo Freire e Boaventura de Sousa Santos, passamos a defender que a função social das aulas de educação física está relacionada com a leitura crítica do mundo dos saberes produzidos sobre as danças, lutas, esportes, ginásticas, jogos, brincadeiras e a relação da sociedade com o corpo, pelos grupos que foram marginalizados no sistema capitalista.
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