O mito contemporâneo da heroína esportiva: da guerra ao pódio

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.36453/2318-5104.2019.v17.n1.p317

Palabras clave:

Esporte, Gênero, Relações de poder, Imaginário

Resumen

Objetivo: identificar o imaginário social transmitido pela mídia sobre atletas consideradas heroínas esportivas e identificar os discursos sobre as diferenças de gênero transmitidas pela mídia nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Métodos: trata-se de uma pesquisa descritiva de análise documental, cuja estratégia metodológica consistiu na busca de matérias sobre heroínas Rio 2016 no site Google. As reportagens foram analisadas utilizando-se a Análise da Ordem do Discurso, de Michel Foucault. Resultados: os princípios da inversão, descontinuidade, especificidade e exterioridade, estabelecidos por Foucault, estavam presentes nos discursos analisados. Nas reportagens, as mulheres consideradas heroínas esportivas tiveram destaque quando conquistaram a primeira medalha olímpica do país de origem, quando realizaram grandes atuações em partidas decisivas e quando superaram abuso sexual. Conclusão: mesmo sendo consideradas heroínas esportivas, a imagem dessas mulheres foi associada à figura masculina. Isso evidencia a necessidade de avanços no quesito igualdades de direito entre homens e mulheres na sociedade.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Rafael da Silva Mattos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Professor Adjunto do Departamento de Ciências da Atividade Física do Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte da UERJ

Juliana Brandão Pinto de Castro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutorado em andamento no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte (PPGCEE) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Alimentação, Nutrição e Saúde pelo Instituto de Nutrição da UERJ. Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física pela UERJ.

Citas

ABRAMVEZT, A.; SOUZA, R. Criada na guerra, heroína põe Kosovo no mapa olímpico: “Uma sobrevivente”. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/judo/noticia/2016/08/criada-na-guerra-heroina-poe-kosovo-no-mapa-olimpico-uma-sobrevivente.html>. Acessado em: 31 de abril de 2017.

AUVRAY, E. Une construction locale d’un héros sportif: l’athlète manchois Julien le bas et les jeux olympiques de Londres en 1948. Annales de Normandie, Persée, v. 63, n. 1, p. 137-53, 2013.

BOURDIEU, P. “Programa para uma sociologia do esporte”. In: BOURDIEU, P. Coisas Ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990.

BOURDIEU, P. A economia das trocas linguísticas. O que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 2008b.

BOURDIEU, P. Como é possível ser esportivo? In: BOURDIEU, P. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. p. 136-53.

BOURDIEU, P. La domination masculine. Paris: Seuil, 1998.

BOURDIEU, P. Les méditations pascaliennes. Paris: Seuil, 1997.

BOURDIEU, P. Razões práticas. Sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus Editora, 2008a.

BURKE, P. A fabricação do rei. A construção da imagem pública de Luiz XIV. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2009.

CAMPBELL, J. O herói das mil faces. São Paulo: Cultrix, 1997.

CAMPBELL, J. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.

DURANT, G. As estruturas antropológicas do imaginário. Introdução à arquetipologia geral. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

DURANT, G. Mito, símbolo e mitodologia. Porto: Presença, 1982.

DUTRA, N.; NUNES, T. A marcha das vadias como redes de movimentos e significados. Revista Prolegômenos, Bogotá, v. 18, n. 36, p. 153-48, 2015.

ELIADE, M. The myth of the eternal return: or cosmos and history. Princeton: Princeton University Press, 1991.

ESPÍRITO SANTO, W. Esporte e estrutura social: lazer e saúde pública à luz do princípio da segmentaridade. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 5, n. 2, p. 33-51, 2018.

ESPN. Heroína nos pênaltis, Bárbara salva Marta e garante o Brasil na semifinal da Olimpíada. Disponível em: <http://espn.uol.com.br/noticia/621869_heroina-nos-penaltis-barbara-salva-marta-e-garante-o-brasil-na-semifinal-da-olimpiada>. Acessado em: 31 de abril de 2017.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2015.

GIRARD, R. A violência e o sagrado. Petrópolis: Vozes, 1990.

HAVEMANN, N. Le sport dans l’Allemagne nationale-socialiste en guerre. Guerres Mondiales et Conflits Contemporains, New York, v. 268, n. 4, p. 61-74, 2017.

INTERNATIONAL OLYMPIC COMMITEE. IOC. Factsheet women in the Olympic movement. Olympic Studies Centre, 2016. Disponível em: <https://stillmed.olympic.org/Documents/Reference_documents_Factsheets/Women_in_Olympic_Movement.pdf>. Acessado em: 10 de maio de 2017.

JAEGER, W. Paideia. A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Vol. 9/1. Petrópolis: Vozes, 2011.

LEITE, J. R. Atleta chilena sofreu abuso sexual do padrasto e é heroína em seu país. Disponível em: <https://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/09/atleta-chilena-sofreu-abuso-sexual-do-padrasto-e-a-mae-virou-as-costas.htm>. Acessado em: 31 de abril de 2017.

LÉVI-STRAUSS, C. A Gesta de Asdiwal. In: Antropologia estrutural 2. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993.

LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. 5. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.

LOPES, J. S. L. Esporte, emoção e conflito social. Mana: estudos de antropologia social, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 141-66, 1995.

LUZ, M. T.; SABINO, C. MATTOS, R. S. A ciência como cultura do mundo contemporâneo: a utopia dos saberes das (bio)ciências e a construção midiática do imaginário social. Sociologias, Porto Alegre, v. 15, n. 32, p. 236-54, 2013.

MAFFESOLI, M. A transfiguração do político: a tribalização do mundo. Porto Alegre: Sulina, 1997.

MATTOS, R. S. Pesquisa Qualitativa em Educação Física: da graduação ao doutorado. Curitiba: Editora CRV, 2016.

MUKHERJEE, S.; HUANG, Y.; NEIDHARDT, J.; UZZI, B.; CONTRACTOR, N. Prior shared success predicts victory in team. Nature, London, v. 3, n. 1, p. 74-81, 2018.

OLIVEIRA, G.; CHEREM, E.; TUBINO, M. A inserção histórica da mulher no esporte. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 16, n. 2, p. 117-25, 2008.

PICH, S. A mítica neoliberal, o sistema esportivo, a mídia e o herói esportivo: a construção de uma estória de retalhos de verdade mascarada de verdade revelada. Revista Perspectiva, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 199-227, 2003.

PRECIADO, B. Manifesto Contrassexual: práticas subversivas da identidade sexual. São Paulo: N-1 Edições, 2014.

PRÊTET, B. Le sport échappatoire ou résistance? L’exemple de Paris et de Toulouse. Guerres Mondiales et Conflits Contemporains, New York, v. 268, n. 4, p. 21-34, 2017.

PROIA, S.; MORHAIN, Y. Le corps sportif dans tous ses écarts. Champ Psychosomatique, Paris, v. 44, n. 4, p. 109-21, 2006.

RUBIN, G. Políticas do sexo. São Paulo: Ubu, 2017.

RUBIO, K. (Org.). As mulheres e o esporte olímpico brasileiro. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.

SABINO, C. Lógica da diferença e androlatria: o caso das mulheres das academias de musculação. Enfoques, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1. p. 10-28, 2003.

SANTOS, A. O monomito de Joseph Campbell e a jornada heróica de Jesus, o filho de Deus, no quarto evangelho. Revista Caminhando, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 71-83, 2014.

SOIHET, R.; SOARES, R. M. A.; COSTA, S. G. A história das mulheres. Cultura e poder das mulheres: Ensaio de historiografia. Gênero, Niterói, v. 2, n. 1, p. 7-30, 2001.

UOL São Paulo. Heroína da classificação, goleira do Brasil vira ‘Bárbara Prass’ em memes. Disponível em: <https://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/13/heroina-da-classificacao-goleira-do-brasil-vira-barbara-prass-em-memes.htm>. Acesso em: 31 de abril de 2017.

Publicado

29-03-2019

Cómo citar

MATTOS, R. da S.; CASTRO, J. B. P. de; SABINO, C.; ESPÍRITO SANTO, W. R. do; FLORENTINO, J. O.; MENEZES, L. de S.; OLIVEIRA, L. H. de S.; NASCIMENTO, S. de S. O mito contemporâneo da heroína esportiva: da guerra ao pódio. Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 17, n. 1, p. 317–324, 2019. DOI: 10.36453/2318-5104.2019.v17.n1.p317. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/19587. Acesso em: 17 jul. 2024.