O desentendimento como característica inerente à democracia

Autores

  • Valmir Gonçalez dos Santos

DOI:

https://doi.org/10.48075/rd.v5i1.22782
Agências de fomento

Palavras-chave:

Democracia. Política. Desentendimento. Polícia.

Resumo

O artigo busca propiciar reflexões sobre a jovem democracia brasileira, pensada aqui sob à luz da excêntrica filosofia de Rancière. Se considerarmos os tempos da República brasileira, constatamos que os períodos democráticos são breves e sempre sofreram ameaças. Há três décadas vivemos em um regime democrático que, no entanto, ainda é frágil. Do ponto de vista histórico, a democracia brasileira é jovem e continua sendo construída sob ameaças, sua vigência carece de vigilância constante, pois, de vários lados, há forças que a fragilizam, especialmente aquelas que proclamam a ordem e o consenso. O que tais forças querem, ainda que digam falar em nome da democracia, é a organização da vida e do poder de um modo hierárquico e o esvaziamento dos espaços públicos que, necessariamente, são conflituosos e orientados por uma racionalidade dissensual. Para essa comunicação, perguntamo-nos se, no entanto, essa fragilidade da jovem democracia brasileira não é, justamente, característica da própria democracia, desde a sua invenção na Grécia. Trata-se, pois, de pensar, outra vez, quais são os sentidos disso que chamamos de democracia, regime político no qual o povo detém o poder. Jacques Rancière desenvolve uma perspectiva excêntrica acerca da democracia e nos mostra que desde o seu surgimento ela foi alvo de ódio e sempre está em risco, daí ele escrever um livro intitulado Ódio à democracia (2014). Esta perspectiva nos interessa, na medida em que se situa a contrapelo do que se consensuou entender por democracia e por política como a mera organização da vida coletiva. A partir da filosofia de Rancière, procura-se, então, resgatar o que é próprio de uma investigação filosófica acerca da política, abordando em que âmbito e quando esta existe e mostrando que, inúmeras vezes, ela se confunde com polícia; o que implicará trazer à tona o que Rancière diz ser fundamental para a existência da política e da democracia, a saber, a lógica do desentendimento.

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Publicado

01-07-2019

Como Citar

DOS SANTOS, V. G. O desentendimento como característica inerente à democracia. Revista DIAPHONÍA, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 149–159, 2019. DOI: 10.48075/rd.v5i1.22782. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/diaphonia/article/view/22782. Acesso em: 19 abr. 2024.