Epistemologias miúdas
acessando conhecimentos produzidos por crianças
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v17i2.31411Palavras-chave:
Crianças, Infâncias, Sociologia da Infância, EpistemologiaResumo
As pesquisas que envolvem crianças requerem outra postura metodológica de quem as fazem, pois é necessário que a pessoa que realizará a pesquisa compreenda que as crianças são sujeitos, com suas linguagens, que intervém diretamente nos grupos sociais que estão inseridas. Pautada na Sociologia da Infância, este artigo tem por objetivo evidenciar o debate sobre a importância das pesquisas que envolvem crianças considerarem-nas como produtoras de conhecimentos e culturas com impacto direto nos territórios que habitam. Ainda porque, crianças influenciam e são influenciadas pela sociedade, não sendo passivas ao seu meio e, sim, agentes. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico que abarcou a temática. Assim, a partir das discussões apresentadas no texto, pretendemos apresentar o quão é relevante realizarmos pesquisas com e entre as crianças, numa mudança metodológica de ruptura com o adultocentrismo, que se limita às suas reflexões sobre as crianças. É importante realizar pesquisas que considerem os saberes produzidos pelas crianças a partir de escuta ativa das suas vozes e de suas muitas linguagens para não falarmos por elas e sim com elas. Para isso, tecemos um debate sobre infância e criança, no intuito de compreender as singularidades e as pluralidades que suas conceituações carregam. Também, apresentamos a escuta como forma de materialização desse outro fazer epistemológico: a construção de conhecimentos produzidos por gente de pouca idade, gente miúda que precisa ser reconhecida na sua potência.
Downloads
Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo da história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Coleção Femininos Plurais. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
ALVES, Rubens. Essencial: 300 pílulas de sabedoria. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2015.
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.
BARROS, Manoel de. Poemas concebidos sem pecado e face imóvel. 1. ed. São Paulo: Grupo Companhia das Letras, Alfaguara, 2016.
BELLONI, Maria Luiza. O que é sociologia da infância?. Campinas: Autores Associados, 2009.
BONILHA, Ana Lúcia Lourenzi; STEFANELLI, Maguida Costa. Criança miúda:o cotidiano do cuidar no contexto familiar. Revista Gaúcha de Enfermagem. Porto Alegre, v. 20, n. especial, p. 22-36, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.
BUENO, Marcelo Cunha. No chão da escola: por uma infância que voa. Cachoeira Paulista: Editora Passarinho, 2018.
CABANELLAS, Maria Isabel; ESVALA, Clara; ESVALA, Juan José; POLONIO, Raquel. Ritmos infantis: tecidos de uma paisagem interior. São Paulo: Pedro & João, 2020.
CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 6ed. São Paulo: Contexto, 2017
CORSARO, William A. Sociologia da Infância. Porto Alegre-RS: Artmed, 2011.
CHILDREN, Reggio. Mostra Sconfinamenti – Atravessando Fronteira: encontros com sujeitos vivos / paisagens digitais / Reggio Chidren; tradução Thais Helena Bonini; revisão técnica Leticia Chaves Monteiro. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2020.
CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. Simpósio Internacional: formação de educadores em arte e pedagogia. Universidade Mackenzie, 15 a 17 de outubro de 2015. São Paulo: Terracota Editora, 2015.
DAHLBERG, Gunilla; MOSS, Peter; PENCE, Alan. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Penso, 2019.
DELGADO, Ana Cristian Coll; MÜLLER, Fernanda. Sociologia da Infância: pesquisa com crianças. Revista Educ. Soc. Campinas, v. 26, n. 91, maio/ago. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/GdNZMSwhJTXwFJ3RhbfYjpJ/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 22 abr. 2023.
ESCOBAR, Arturo. Territorios de diferencia: la ontología política de los “derechos al territorio”. Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente. UFPR, v. 35, p. 89-100, dez. 2015.
ESCUTAR. In: Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa Michaelis. [On-line]. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/escutar/ Acesso em: 07 nov. 2021.
ESCUTAR. In: Dicionário Brasileiro. [On-line]. Disponível em: https://www.dicio.com.br/escutar/. Acesso em: 07 nov. 2021.
FARIA, Ana Lúcia Goulart de. Educação pré-escolar e cultura. Campinas: Cortez, Editora UNICAMP, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz & Terra, 2019.
FRIEDMANN, Adriana. A vez e a voz das crianças: escuta antropológicas e poéticas das infâncias. 1. ed. São Paulo: Panda Books, 2020.
GOBBI, Marcia Aparecida; PINAZZA, Mônica Appezzato. Linguagens infantis: convite à leitura. In: GOBBI, Marcia Aparecida; PINAZZA, Mônica Appezzato. Infância e suas linguagens. São Paulo: Cortez, 2014.
HOOKS, bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. Editora Elefante, 2019.
JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
MALAGUZZI, Loris. Ao contrário, as cem existem. In: HOYUELOS, Alfredo. A estética no pensamento e na obra pedagógica de Loris Malaguzzi. 1. ed. São Paulo: Fhorte, 2020.
MARQUES, Amanda Cristina Teagno Lopes. Sociologia da Infância e Educação Infantil: à procura de um diálogo. Revista do Centro de Educação, v. 42, n. 1, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/1171/117150748012/html/. Acesso em: 22 abr. 2023.
MIÚDA. In: Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa Michaelis. [On-line]. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/miuda/. Acesso em: 07 nov. 2021.
MORAES, Vinícius; POWELL, Baden. Samba da Benção. Composta em 1967. In: Vinicius. Elenco. São Paulo: Tonga Editora Musical LTDA 1967.
NIMRICHTER, Ana Clara. O que (quase) não se vê: olhares de infâncias na natureza. 2020. 144 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2020.
OLIVEIRA, Fabiana de; SILVEIRA, Débora de Barros. Sonia Kramer. In: ABRAMOWICZ, Anete (org.). Estudos da Infância no Brasil: encontros e memórias. São Carlos: EdUFSCAR, 2015.
OLIVEIRA, Maíra Caroline Defendi; LISINGEN, Irlan von. Alternativas epistêmicas emergentes na ciência e seu ensino a partir do sul global. Revista Perspectiva, v. 39, n. 2, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/67902. Acesso em: 22 abr. 2023.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Da Crianças, 1959. Disponível em: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/cgvs/usu_doc/ev_ta_vio_leg_declaracao_direitos_crianca_onu1959.pdf. Acesso em: 22 abr. 2023.
PIANA, Maria Cristina; BEZERRA, Mayara Simon. Marcas na infância: o poder do adulto sobre a criança e a violência sexual. Revista Libertas, Juiz de Fora, v. 19, n. 1, p. 200-212, jan./jul. 2019.
PONZIO, Eloisa; PACHECO, José. Reggio Emilia e Ponte: a gênese de novas construções sociais de aprendizagem. São Paulo: Edições Mahatma, 2019.
RAMOSE, Mogobe B. Sobre a Legitimidade e o Estudo da Filosofia Africana. Tradução Dirce Eleonora Solis, Rafael Medina Lopes e Roberta Ribeiro Cassiano. Ensaios Filosóficos. Volume IV. outubro/2011.
REIS, Maurício de Novais. Ensino de filosofia: do universo eurocêntrico ao pluriverso epistêmico. Porto Alegre: Editora Fi, 2020.
SANTIAGO, Flávio; FARIA, Ana Lúcia Goulart de. Da descolonização do pensamento adultocêntrico à educação não sexista desde a creche: por uma pedagogia não violenta. In: TELES, Maria Amélia de Almeida; SANTIAGO, Flávio; FARIA, Ana Lúcia Goulart (org.). Por que a creche é uma luta das mulheres? Inquietações femininas já demonstram que as crianças pequenas são de responsabilidade de toda a sociedade. São Carlos: Pedro & João Editores, 2018.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Editora Cortez, 2010.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula; NUNES, João Arriscado. Para ampliar o cânone da ciência: a diversidade epistémica do mundo. In: SANTOS, B. S. (org.). Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
SARMENTO, Manuel J. Conhecer a infância: os desenhos das crianças como produções simbólicas. In: MARTINS FILHO, A. J.; PRADO, P. D. (org.). Das pesquisas com crianças à complexidade da infância. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TEBET, Gabriela. Desemaranhar as linhas da infância: elementos para uma cartografia. In: ABRAMOWICZ, Anete; TEBET, Gabriela. Infância & Pós-estruturalismo. 2. ed revisada. São Carlos-SAP: Pedro & João Editores, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob CC-BY-NC-SA 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com indicação da autoria e publicação inicial nesta revista

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.