Transgeneridades no debate atual sobre as políticas de identidade: (des)construções e tensionamentos ao paradigma heteronormativo no Brasil
Palavras-chave:
gênero, identidade, transgeneridade.Resumo
Transgênero é um termo comumente utilizado para englobar a multiplicidade de sujeitos que vivenciam sua subjetividade através de processos identificatórios que fogem a normatividade biológica e culturalmente determinada. Contudo, tal terminologia possui um tenso debate, uma vez que produz uma categoria “guarda-chuva” para constituir uma identidade organizada entre grupos sociais, mas pode produzir também exclusão e generalização. Debater o termo trans e suas derivações (transgênero, transgeneridade, etc.) não é apenas uma crítica a possíveis reducionismos, mas uma possibilidade de não cair em armadilhas. Buscar compreender processos de construção identidade social é interessante para a conquista de direitos sociais. Porém, é importante entender como cada sujeito se auto-denomina e o que é relevante a ela/ele. Como sua experiência pode ser única e particular. Assim, este trabalho tem como objetivo discutir as terminologias utilizadas para denominar experiências de sujeitos em meio a transgressões, diferenciações e rupturas a referenciais heteronormativos, em principal os termos transgênero e transgeneridade. Pautamos nosso referencial a partir de aproximações teóricas com o Pós-estruturalismo, considerando que toda formação discursiva perpassa regularidades linguísticas justapostas de acordo com jogos estratégicos de poder, envolvendo procedimentos de exclusão compostos por interdições, separações e a vontade de verdade, em que as inconsistências internas das estruturas fazem o seu próprio desmantelamento. Propomos que os usos das categorias identitárias não são aleatórios. A necessidade de identidades coletivas pode facilitar uma rearticulação democrática e fazer emergir questões que gerem peso crítico dentro de direitos sociais frente ao poder público.
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