O escolanovista Faria de Vasconcelos e a educação das crianças anormais: ação (psico)pedagógica no Instituto de Reeducação Mental e Pedagógico (1929-31)
Palavras-chave:
Faria de Vasconcelos, Educação especial, Escola nova, Anormais escolares.Resumo
Abordamos o escolanovista português, Faria de Vasconcelos (1880-1939), que foi uma figura pedagógica incontornável do Movimento da Escola Nova, no âmbito dos seus contributos às crianças anormais. O arco histórico percorre as primeiras décadas do séc. XX, período onde apenas existia para as crianças anormais o Instituto Médico-Pedagógico, Colónia Agrícola S. Bernardino e Instituto Médico-Pedagógico ‘Florinhas da Rua’. Norteamo-nos por um argumento analítico e hermenêutico, sob uma metodologia historico-descritiva documental, cujo corpus teórico-conceptual assenta nas fontes primárias deste pedagogo e das ‘Obras Completas’, reunidas e analisadas por Ferreira Marques; espólios de arquivos e monografia do Instituto de Reeducação Mental e Pedagógico; e nas fontes secundárias existentes em várias bibliotecas, revistas e dissertações académicas. Centralizamo-nos nas ações, ideias e experiências de Faria de Vasconcelos na educação nova e na educação especial. Os objetivos são: analisar a difusão e influências do Movimento da Educação Nova, no contexto português da época; analisar as ideias sobre a educação das crianças ‘anormais’ (retardadas/atrasadas escolarmente) neste escolanovista e o impacto da Proposta de Lei de João Camoesas (1923), assim como a sua ação tida no Instituto de Reeducação Mental e Pedagógica (1929-31). A educação das crianças ditas ‘anormais’ foram psicopedagogicamente um dos temas centrais de Faria de Vasconcelos que pretendia uma educação integral (inclusiva). Os seus contributos psicopedagógicos, como escolanovista e, em especial, à educação das crianças ‘anormais’ foram importantes, especialmente a criação do Instituto e, por isso, constitui um dos maiores vultos da História da Educação em Portugal, de grande prestígio europeu e na Latino-América.
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