Sobre os conceitos de descerramento e descobrimento em Heidegger
DOI:
https://doi.org/10.48075/ra.v11i3.32605Resumo
O objetivo da comunicação é desenvolver uma tentativa de interpretar a diferença ontológica em Heidegger. Esse termo quer designar, no interior dos contextos de sua filosofia, a diferenciação entre ser e ente. Nossa tentativa se baseia em uma outra diferenciação conceitual, a saber, a diferença entre os fenômenos de descobrimento (Entdecktheit) e descerramento (Erschlossenheit). Como problema a ser desdobrado na comunicação, vale a pergunta: a cisão conceitual entre descobrimento e descerramento nos oferece evidência para compreender a diferença ontológica? A fim de alcançar algum significado para esses conceitos em jogo e como meio para alcançar esse objetivo, basear-nos-emos em trechos da preleção “Os problemas fundamentais da fenomenologia” (1927). Nela há uma interpretação de Heidegger da tese de Kant segundo a qual “ser” (compreendido ali enquanto efetividade (Wirklichkeit), existência) não é um predicado real. No centro dessa encontramos o conceito de percepção (Wahrnehmung) que é interpretado por Heidegger como um modo de descobrimento. De acordo com a interpretação de Heidegger, na tese de Kant está implicitamente indicado: 1) que ser e ente são distintos, 2) que toda percepção de um ente efetivo precisa de um descerramento compreensivo prévio de seu ser efetivo e do seu ser percebido e 3) que apenas o ente efetivo é percebido, de sorte que a efetividade nunca é percebida ou descoberta. Com isso estabelecido, a presente proposta de interpretação passa a colocar o problema da diferença ontológica nesses termos. Essa diferença seria a base que orientaria todo modo de comportamento descobridor, pois sustentaria o descerramento do ser dos entes oferecendo a respectiva possibilidade de toda manifestação e comportamento em direção a eles. Isso dá margem para propor que a referida diferença não pode se tornar tema de uma investigação objetiva, uma vez que em si mesma não pode se comprometer com nenhum âmbito temático particular. Por fim, sugerimos que um caminho possível não objetivante de a problematizar residiria no fenômeno do mundo.
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