Merleau-Ponty e Godard
o cinema como expressão e linguagem criadora
DOI:
https://doi.org/10.48075/ra.v11i3.32616Resumo
A temática principal deste artigo é a questão da percepção cinematográfica, e o vislumbre da possibilidade de um cinema criador de expressão e linguagem. Tal ensejo se dá a partir da fenomenologia de Merleau-Ponty e do cinema de Godard, partindo da ideia do filme como “algo a ser percebido”, apresentado por Merleau-Ponty no ensaio Le cinéma et la nouvelle psychologie (1945). Neste ensaio, o filósofo explora as semelhanças entre o cinema e a psicologia da forma, a Gestalt, criticando a concepção clássica da percepção. Surge assim, o seguinte problema: seria possível o cinema de Godard ser considerado uma forma expressão e linguagem, a partir da perspectiva fenomenológica de Merleau-Ponty? A linguagem criadora, como o próprio nome já diz, tem o caráter de criação, um caráter estético. Godard faz muito uso do jogo de palavras em sua produção cinematográfica. Há ainda a questão da sonoridade, muito bem explorada, as paletas de cores, a “quebra da quarta parede”, movimentos não convencionais com a câmera. Nada disso é ao acaso. E é isso que se pretende demonstrar nesse artigo: a possibilidade de tal modo de criação cinematográfica estar realmente alinhada ao que Merleau-Ponty aponta como uma experiência estética e de criação: a percepção cinematográfica. Para isso, o artigo tem como objetivo geral adentrar ao pensamento do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty no que tange a questão da percepção e o perceber cinematográfico, na intenção de trazer à tona uma visão fenomênica do filme, onde este deixa de ser entendido como algo pensado, e passa a ser entendido como algo a ser percebido. Como objetivos mais específicos, pretendemos apresentar a perspectiva crítica de Merleau-Ponty em relação às teorias clássicas sobre a percepção, e o porquê de nenhuma conter, segundo ele, uma teoria considerável sobre a mesma. A partir disso, apresentar a nova psicologia proposta por Merleau-Ponty, a Gestalt, onde o indivíduo pertence ao mundo, e não apenas faz parte dele, como defendiam as teorias clássicas. Na sequência, elucidar a perspectiva fenomenológica acerca da percepção, estabelecendo relação com a percepção cinematográfica e entendendo o cinema como algo a ser percebido e não pensado. Por último, pretendemos investigar a temática da linguagem nas obras de Merleau-Ponty, trazendo a produção cinematográfica como uma possível forma de criar novas linguagens, além de trazer uma análise ainda inicial do porquê algumas das produções cinematográficas de Jean-Luc Godard, podem ser entendidas como possíveis criadoras de uma linguagem, que está para além da empírica e cotidiana
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