"Somos um povo como os outros"
para Deleuze e a causa palestina perviverem em nós
DOI:
https://doi.org/10.48075/ra.v12i3.33092Palavras-chave:
Filosofia, Causa Palestina, DeleuzeResumo
Este ensaio tem como meta dar pervivência – no sentido atribuído ao termo por Haroldo de Campos em sua experiência de tradução criadora que dá vida nova aos textos traduzidos – à causa palestina e ao apoio do filósofo Gilles Deleuze a ela. Isto é feito orientado por traços da prática da montagem que Georges Didi-Huberman recuperou e atualizou, como método formal e maneira de pensar e de produzir conhecimento, nas artes e nas ciências humanas, como estratégia de resposta ao problema da construção da historicidade, do trabalho com as complexidades do tempo. A montagem realizada pretende ser uma resposta a um dos tantos anacronismos do mundo, elaborada por meio de um ‘reencadeamento’ de partes de textos deleuzianos produzidos e publicados ao longo dos anos 80. Concebe-se que neste trabalho subjaz a compreensão e a operação do pensamento como ato de corte, de enquadramento e de montagem, propriamente como tradução transcriadora, por meio da qual textos e autores pervivem. Os três textos de Deleuze selecionados, surpreendentemente atuais ao que vem se passando com o povo palestino desde sete de outubro de 2023, são: 1) “Os índios da Palestina”, uma conversa publicada no Jornal Libération, 8-9 de maio de 1982, com o amigo Elias Sanbar, criador da Revista de estudos palestinos e da qual foi redator-chefe por 25 anos; atualmente é embaixador palestino na UNESCO. Além da recém-criada Revista, que Deleuze percebe como o amadurecimento do “tom” palestino que testemunha uma “nova consciência” capaz de falar de “igual para igual com todo mundo” que lembra, mostra, afirma e insiste que os palestinos existem, apesar de terem sido evacuados de seu território, o filósofo menciona uma comparação feita por Sanbar no livro Palestina 1948, a expulsão: os palestinos são os peles-vermelhas dos colonos judeus da Palestina, e devem desaparecer, tal como foi o processo que fez nascer os Estados Unidos. Essa comparação dá azo para o direcionamento da conversa entre os amigos, mas também para o texto do ano seguinte, 2) “Grandeza de Yasser Arafat”, de 1983, no qual Deleuze problematiza as consequências da visão religiosa e mística alimentada pelo sionismo e resumida na fórmula de Israel, que afirma não ser um povo como os outros, ao que os palestinos respondem o contrário: que eles, palestinos, são um povo como os outros e não querem nada mais que isso. Por fim, o texto 3) “As pedras”, de 1988, redigido a pedido dos diretores da Revista Al-Karmel após o começo da Primeira Intifada, em 9 de dezembro de 1987 – o ‘despertar súbito’ dos palestinos, que durou até 1993, quando os ‘Acordos de Oslo’ foram assinados, mediados por Bill Clinton. No Brasil, esses textos estão publicados em Dois regimes de loucos: textos e entrevistas (1975-1995).
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