O processo do conhecimento em Marx
apontamentos sobre o método materialista histórico-dialético
DOI:
https://doi.org/10.48075/ra.v12i3.33164Palavras-chave:
Materialismo histórico-dialético, Marx, ConhecimentoResumo
O propósito deste texto é refletir sobre o processo de apropriação do método dialético em Marx, sob o pressuposto de que o conhecimento científico é uma produção social que envolve sujeitos e relações ao longo da história. O método materialista histórico-dialético busca fazer uma apropriação crítica racional sistematizada da sociedade capitalista pelo sujeito cognoscente. Esse conhecimento procura apreender a essência por detrás da aparência, elevando-se do abstrato ao concreto dos fenômenos estudados, a fim de desmistificar o caráter alienado e fetichizado dos fatos sociais, onde a parte só é compreendida na conexão com a totalidade sócio-histórica, determinada pela interação multifacetada das partes envolvidas. Diferente do método especulativo da dialética hegeliana e do empirismo aparencial do pensamento da economia política clássica, o método de Marx tem como sujeito e ponto de partida da investigação a própria realidade sócio-histórica. Isso significa que o materialismo dialético marxiano não se estabelece como um procedimento subjetivista, como o idealismo abstrato, que concebe o real como o produto do desenvolvimento do espírito absoluto, tampouco como um método objetivista do positivismo empirista, que toma o sujeito do conhecimento como passivo e concebe a realidade como algo pronto e acabado. No que se refere às determinações metodológicas, Marx não nos deixou escritos sistemáticos sobre a dialética como um conjunto de regras abstratas. Ele não queria antecipar resultados em sua produção teórica, evitando uma postura idealista. O método de conhecimento, portanto, não é um conjunto de regras pré-determinadas, mas deve estar organicamente entrelaçado com a realidade, para explicitar a estrutura imanente dos fenômenos, suas especificidades, contradições e mediações operantes na dinâmica da sociedade. A dialética marxiana pressupõe a compreensão das condições materiais de produção dos indivíduos e como estabelecem relações sociais. Os seres humanos não podem ser tomados como seres autônomos, independentes de suas relações com a natureza e a sociedade. As ideias estão conectadas com as condições sócio-históricas de existência, e o entendimento da dialética marxiana envolve a compreensão de como os indivíduos produzem suas representações e ideias, relacionando-as com suas condições materiais. A dialética é, ao mesmo tempo, o movimento do pensamento em relação ao objeto e o movimento específico que os fenômenos efetivam. O método dialético permite desmistificar as ideologias e o fetichismo, revelando as contradições e as mediações presentes na sociedade. A dialética marxiana busca desnaturalizar o quadro de exploração, alienação e fetichização ideológica que encobre as contradições sócio-históricas. Ela aponta para a possibilidade concreta de instaurar um novo mundo, livre das injustiças e desigualdades que esvaziam a subjetividade humana e promovem a deterioração dos recursos naturais em prol da acumulação de capital. Em resumo, o método dialético de Marx é uma abordagem crítica e sistemática, que busca compreender a sociedade capitalista, suas contradições e suas determinações imanentes, a partir da realidade sócio-histórica e das condições materiais de existência dos indivíduos. Isso implica em uma desmistificação das ideologias e do fetichismo que encobrem as relações sociais na sociedade capitalista, com o objetivo de transformar essa realidade em direção a um mundo mais justo e equitativo.
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