O covil do maligno
um diálogo entre Kant e o budismo acerca do mal no comportamento humano
DOI:
https://doi.org/10.48075/ra.v12i3.33203Palabras clave:
Filosofia Moral, Mal, Kant, BudismoResumen
Kant defende uma ética deontológica baseada na racionalidade humana que enfatize a validade de princípios morais que possam ser aplicados universalmente. O budismo, sistema religioso e filosófico no qual a discussão ética ocupa papel central, sustenta que sua doutrina ética é fundamentada na compreensão objetiva da natureza humana e dos aspectos psicológicos mais básicos da mente. Ora, se Kant e o budismo afirmam a possibilidade (e necessidade) da existência de princípios éticos universais que se baseiam em uma forma de operação mental racional que é comum a todos os homens, devemos esperar que, caso estejam corretas, essas duas filosofias deverão se encontrar em algum ponto do caminho que propuseram, não obstante terem sido gestadas em contextos históricos e culturais diferentes. O objetivo deste trabalho é realizar uma análise comparativa do pensamento moral em Kant e nas escrituras budistas, a fim de confrontar seus posicionamentos sobre a origem do mal no comportamento humano. Nesse diálogo, a obra que representou o pensamento Kantiano foi A Religião nos Limites da Simples Razão, texto publicado na maturidade do filósofo alemão e no qual dedica-se especificamente a tratar do mal moral. Quanto ao budismo, procuramos nos limitar ao contexto do budismo indiano, recorrendo principalmente às coleções de sutras do Cânone Pāli, além de autores budistas e budólogos que auxiliam na elucidação dos conceitos budistas. Através dessas fontes, é possível perceber que Kant e o budismo concebem que a existência do mal moral se origina nas ações de indivíduos livres e racionais que, ao invés de agir de acordo com princípios morais universais, escolhem agir com base em princípios materiais pautados pelo apego egoico a si próprios. Ao procurar a raiz do mal, o budismo e Kant a localizam no indivíduo centrado em si mesmo, que faz do amor-próprio o critério que determina suas ações. A primazia dada ao eu, de acordo com o Buda, é acompanhada [do desejo por] de prazer e luxúria, que, alimentado pela ignorância, induz as pessoas à prática de atos maléficos contaminados pela avidez, ódio e delusão. Kant diz que o homem faz dos móbiles do amor de si e das inclinações deste a condição do seguimento da lei moral, sendo essa a causa da malignidade da natureza humana ou do coração humano. Kant e o budismo afirmam que o mal é sempre uma atitude baseada no livre-arbítrio do indivíduo, pois para Kant nada é moralmente mau, exceto o que é nosso próprio acto, e o budismo acredita que só há geração de carma negativo quando o resultado maléfico do ato já estava presente na intenção (cetana) do agente. Enfim, acreditamos que esse esforço de confrontação contribui para a abertura de um diálogo franco entre o pensamento ocidental e oriental, o que pode resultar em benefícios mútuos de aprofundamento filosófico.
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