Por que investigamos?

uma leitura de Pierre Hadot sobre o filosofar como terapêutica

Autores

  • Guilherme Borges Almeida UNILA

DOI:

https://doi.org/10.48075/ra.v12i3.33217

Palavras-chave:

Pierre Hadot, Exercícios espirituais, Satisfação intelectual, Ataraxia, Investigação filosófica

Resumo

O filósofo francês Pierre Hadot é mais conhecido por sua tese de que o filosofar na Grécia Antiga designava algo marcadamente distinto do sentido contemporâneo do termo: antes de um acúmulo de conhecimentos informativos, o filosofar era uma prática formativa que tinha como finalidade cultivar um estado de serenidade da alma (ataraxia) a partir da prática de exercícios espirituais. Ainda que o termo filosofia tenha vindo a designar uma atitude exclusivamente teórica (instituindo uma separação entre teoria e prática que não existia na filosofia antiga), Hadot insiste em afirmar que há na filosofia moderna e contemporânea reaparecimentos reiterados da concepção antiga da filosofia como modo de vida. O presente trabalho buscou debruçar-se sobre o tema da permanência de uma postura existencial de conversão total do ser na filosofia contemporânea, que é apontada por Hadot em sua obra. Foi dada especial atenção à noção de filosofia como uma terapêutica – que aponta para o cultivo de uma atitude interior fundamental como parte integrante do fazer filosófico. Buscou-se, assim, responder à seguinte pergunta: como a concepção da filosofia na Grécia Antiga descrita por Pierre Hadot se relaciona com o filosofar contemporâneo? Para explorar essa problemática, ensaiou-se uma aproximação entre as investigações filosóficas e a neurose obsessiva na psicanálise. Em especial, explorou-se o relato do caso do Homem dos Ratos, de Freud, sobre o prazer em atingir um resultado intelectual na neurose obsessiva. Argumentou-se que o não reconhecimento dessa satisfação intelectual que segue permeando as investigações filosóficas gera uma certa incompreensão da filosofia sobre o seu funcionamento e sobre os seus objetivos. Com isso, apontou-se como a obra de Hadot permite não só apenas uma nova compreensão da filosofia da Grécia Antiga, mas também da filosofia na atualidade.

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Publicado

13-08-2024

Como Citar

ALMEIDA, G. B. Por que investigamos? uma leitura de Pierre Hadot sobre o filosofar como terapêutica. Alamedas, [S. l.], v. 12, n. 3, p. 179–186, 2024. DOI: 10.48075/ra.v12i3.33217. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/alamedas/article/view/33217. Acesso em: 30 mar. 2025.