Linguagem da química na educação química
entre caminhos epistemológicos e hermenêuticos
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v17i1.30201Palavras-chave:
Linguagem da Química, Educação Química, Epistemologia, HermenêuticaResumo
Neste ensaio, pretendemos abordar a linguagem da Química a partir de duas perspectivas: a epistemológica e a hermenêutica. Partimos do pressuposto de que a linguagem constitui os seres humanos e que, a partir dela, torna-se possível a comunicação e a interação, ou seja, os seres humanos se constituem pela e na linguagem e dela são dependentes. Sua importância se reflete no campo educacional, pois ao considerarmos que a escola é um lugar de aprender a viver em sociedade, a interpretação, a compreensão e o diálogo sobre o conhecimento se dão na linguagem. No ensino de Ciências, é possível destacar a presença de duas perspectivas de linguagem. Portanto, este trabalho trata da linguagem da Química a partir destas duas perspectivas: i. a linguagem fundamentada pela epistemologia e; ii. a linguagem fundamentada pela hermenêutica. Por conta da importância das duas perspectivas na compreensão do conhecimento historicamente produzido e ao compromisso da escola em sua transmissão às gerações mais jovens, este ensaio propõe um estudo da linguagem da Química fundamentado a partir dessas duas perspectivas, entendendo-as de forma complementar. Através da ideia de complementaridade, a epistemologia trataria da racionalidade técnica, com seus direcionamentos lógicos e instrumentais e a hermenêutica trataria da racionalidade do compreender por meio da historicidade e da tradição.
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