O corpo cinematográfico como prática discursiva no processo de normalização das relações homoafetivas
Palavras-chave:
(Homo)sexualidade. norma/normalização. cinema nacional.Resumo
Este artigo teórico-metodológico parte de uma perspectiva arqueogenealógica, subsidiadas pela Análise do Discurso de linha francesa e seus desdobramentos no Brasil, e tem como objetivo geral compreender o modo como o discurso cinematográfico nacional, mais precisamente o filme Tatuagem (2013), dirigido por Hilton Lacerda, por meio de um simulacro do cotidiano das relações, desconstrói a normalidade heteronormativa cristalizada na nossa sociedade brasileira. Dessa forma, questiona a conduta ética-moral vigente e promove reflexões sobre o medo diante de mudança em relações familiares. Dadas as condições de fazer circular saberes e poderes, o cinema funciona como prática discursiva que permite compreender o mecanismo sociopolítico contemporâneo e, em cujas práticas sociais, os sujeitos são governados por jogos de poderes. Nesse entremeio, o cinema nacional, com o longa Tatuagem, faz viver em suas práticas e técnicas uma tentativa de normalização dessas relações outras, estabelecendo fios condutores de uma união que vai além do sexo e problematiza questões que envolvem amor, erotismo e família.
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