CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO REVISTA DE LITERATURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA V. 20, N. 36, 2024

20-04-2024

A Revista de Literatura, História e Memória, ISSN 1983-1498, Qualis B1, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), de periodicidade semestral, está com chamada aberta para o recebimento de artigos originais e inéditos para integralizarem sua próxima edição (v. 20, n. 36, 2024).

Em cada uma de suas edições a revista compõe-se de duas partes: um DOSSIÊ com temática definida, além de outra SEÇÃO, em fluxo contínuo, intitulada “Pesquisa em Letras no contexto Latino-americano e Literatura, Ensino e Cultura”, que agrega artigos diversos oriundos de pesquisa e estudos na área de Literatura.

 

Dossiê: Tempos em fricção: desbordamentos e transformações da ficção histórica

         

Um mergulho no baú de antiguidades, no armário antigo, no álbum de fotos, no arquivo. Algumas das tantas ações em que nos colocamos diante de um conjunto disperso de objetos, perspectivas e sentimentos que tentamos ordenar para dar-lhe um sentido, seja um significado ou leitura, sejam seus elos e direções. Encarnando essas atitudes organizadoras, a ficção histórica, enquanto gênero literário, pode ser compreendida a partir desse tensionamento de diferentes épocas e temporalidades, segundo Célia Fernández Prieto, em Poética de la novela histórica (1998). Estas relações, por sua vez, serão corporificadas em distintas modalidades discursivas (romance histórico, metaficção historiográfica, romance da história recente, romance de família ou de gerações etc.), manifestações do mesmo macro-gênero (Mauro Cavaliere, As coordenadas da viagem do tempo, de 2022).

Amplia-se o alcance do gênero ao tomarmos a ficção histórica como modo discursivo e sistema de leitura e escritura, atualizável em cada nova produção e leitura. No caso brasileiro, sob essa perspectiva, alguns nomes emergem como paradigmáticos, como Silviano Santiago, Ana Miranda, Heloísa Maranhão, Assis Brasil, figuras já clássicas às quais se unem mais recentemente autores como Micheliny Verunschk, Eliane Alvez Cruz, em lista que só tende a crescer. Para além de romances, outros gêneros e linguagens, como as histórias em quadrinhos, lançam mão de procedimentos discursivos que permitem compreendê-los como ficções históricas, como é o caso das obras Angola Janga (2017) e Mukanda Tiodora (2022), de Marcelo D’Salete. São trabalhos em que a imaginação e o traço alcançam força política e estética, a partir da pesquisa histórica articulada por uma narrativa que dará corpo, pelo desenho, ao não verbalizado da história. Seja qual for o formato, o olhar sobre a(s) História(s) nos dá sempre indícios tanto sobre como a época é compreendida como sobre a forma como ela é narrativamente (re)figurada e aproveitada, falando do que inquieta escritores e leitores.

Este dossiê tem por objetivo acolher trabalhos que pensem a ficção histórica como potência narrativa e em distensão, como obras que incorporam diferentes relações com o discurso histórico; pesquisas que tratem de obras que estabelecem um pacto de leitura ambíguo, híbrido e oscilante, tomando o historiográfico como intertexto e ponto de partida, observando como o passado emerge no presente com diferentes ritmos e força, quais são os passados tradicionalmente escolhidos para serem apresentados; análise de textos em que o histórico e o ficcional se conjugam, assim, tanto como suplementação,  suplantação, subversão e/ou diálogo crítico. Também serão contemplados estudos em torno de obras que possam ser pensadas como autoficção, testemunho e outras escritas de si, sempre que o elemento histórico possa ser compreendido como um dos substratos principais da narrativa.

Organizadorxs: Marilene Weinhardt (UFPR/CNPq) e Stanis D. Lacowicz (IFPR/Telêmaco Borba)

Submissões: até 31 de julho de 2024.