A moringa, o dengo e a memória

estética, oralidade e afeto em Ana Fátima e Fernanda Rodrigues

Resumo

Este artigo analisa a obra infantil Os dengos na moringa de voinha, de Ana Fátima e Fernanda Rodrigues, a partir da perspectiva da experiência estética proposta por Jorge Larrosa. O estudo investiga como a narrativa articula oralidade, tradição familiar e ancestralidade afetiva, construindo um espaço literário onde memória e afeto se entrelaçam. A pesquisa se aprofunda na relação entre texto e imagem, evidenciando a moringa como objeto central e simbólico na evocação das lembranças da infância e dos gestos cotidianos de cuidado. O uso da linguagem poética reforça a dimensão sensível da narrativa, conectando elementos da cultura afro-brasileira à construção identitária e à valorização das vivências negras. A análise destaca ainda como o projeto gráfico, em diálogo com as ilustrações, amplia os sentidos da narrativa, promovendo uma leitura multissensorial e afetiva. A obra é interpretada como promotora de representatividade da infância negra, trazendo à tona experiências historicamente marginalizadas e fortalecendo a memória coletiva por meio da arte literária. Argumenta-se que Os dengos na moringa de voinha proporciona uma potente experiência estética, funcionando como instrumento de mediação leitora e de reconhecimento cultural, contribuindo para o debate sobre o papel da literatura infantil na valorização das heranças culturais afro-brasileiras e na formação de leitores sensíveis e críticos.

Palavras-chave: Literatura Infantil. Memória. Afetividade. Ilustração Infantil. Ancestralidade.