A EXPERIÊNCIA DA TEORIA DAS “TESES” NA PRÁTICA DA “LAVOURA”: PEQUENOS LAVRADORES, MILITANTES COMUNISTAS E LUTA PELA TERRA NO SERTÃO CARIOCA (1945-1964)

Autores

  • Leonardo Soares dos SANTOS Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.36449/rth.v23i2.21736
Agências de fomento

Palavras-chave:

Organizações camponesas, Sertão Carioca, Movimentos Sociais.

Resumo

Este artigo trata da intervenção das organizações políticas camponesas na produção agrária e conflitos rurais no cinturão verde do Rio de Janeiro. Durante a Era Populista (1945-64) na zona rural desta cidade, uma urbanização intensiva das áreas agrícolas mudou as relações de produção e as formas de ocupação da terra. Os territórios entre a frente urbana e os locais suburbanos foram rapida e intensamente ocupadas por residencias e indústrias.

Não-intensionalmente ou intensionalmente, isso destruiu muitas das antigas plantações e práticas tradicionais. Os pequenos lavradores começaram a resistir contra aquela expropriação e exploração. Para tanto, eles criaram várias organizações camponesas na zona rural: Sindicatos rurais, Ligas Camponesas, Cooperativas, Associações de Pequenos Lavradores, Intendências Agrícolas.

Nos anos 1920 e 1930, aquelas organizações acima privilegiaram as dimensões econômicas da produção. Desde os anos 1940, em paralelo com um extraordinário crescimento no número de organizações, houve um engajamento daqueles agentes nos conflitos de terra e nos movimentos sociais rurais. Além da expansão urbana, a decisiva atuação do PCB (Partido Comunista do Brasil) foi uma causa dessa mudança.

 

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Publicado

14-04-2020

Como Citar

SANTOS, L. S. dos. A EXPERIÊNCIA DA TEORIA DAS “TESES” NA PRÁTICA DA “LAVOURA”: PEQUENOS LAVRADORES, MILITANTES COMUNISTAS E LUTA PELA TERRA NO SERTÃO CARIOCA (1945-1964). Tempos Históricos, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 375–409, 2020. DOI: 10.36449/rth.v23i2.21736. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/view/21736. Acesso em: 20 abr. 2024.

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Artigos