Revista da Semana: voto, feminismo e histórias – análises teóricas e metodológicas da pesquisa em impressos
Revista da Semana: vote, feminism and histories – theoretical and methodological analyses of research in print media
DOI:
https://doi.org/10.36449/rth.v29i1.34431Palavras-chave:
Feminismo, Sufrágio, Revista da Semana, Rio de JaneiroResumo
O presente artigo possui como finalidade analisar de que modo a Revista da Semana, entre os anos de 1900 a 1959, constituiu modelos de mulheres modernas da elite como resposta ao avanço das reivindicações sufragistas e feministas. Parte integrante do conjunto de fontes que compõem a pesquisa de pós doutorado que encontra-se em andamento na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), a Revista da Semana, que sob orientação teórico-metodológico dos Estudos de Gênero, apresenta ao longo do seus 60 anos de publicações semanais, possibilidades de estudos que contemplem as esferas socioeconômicas, políticas e culturais, tanto do Brasil quanto do exterior, quanto à apreensão de como foram elaborados modelos de mulheres modernas da elite. A justificativa para empreender este estudo, em especial, esse recorte na pesquisa como um todo, se dá, principalmente, pela afirmação de Juner Hahner (2003, p.22) quando comenta: “a resistência masculina ao voto feminino mostrou-se difícil de contra-atacar. Grande parte da oposição centrava-se na concepção da soberania dos homens sobre a família e dos tradicionais deveres das mulheres”. Neste sentido, a família centrada no poder patriarcal, exibia de forma clara e evidente suas divisões tradicionais e, a presença de uma ameaça feminista, que poderia inverter os papéis sociais, causou grande sobressalto. A imprensa da época, tendo principalmente homens como escritores e redatores, dedicaram-se cada vez mais, em seus impressos, a veiculação e o reforço do “verdadeiro” papel da mulher de elite na sociedade. É justamente com essa proposta que surge a Revista da Semana. O periódico, que aparentemente possuía uma posição conservadora em relação ao sufrágio feminino, condenava as ações mais efetivas e efervescentes das mulheres na luta pelos seus direitos. Como resposta a esses avanços, a Revista da Semana imprimia em suas páginas modelos de comportamentos adequados às mulheres de elite, impondo limites e restrições sobre conhecimento, leitura e sociabilização. Sendo assim, compreender como ocorreram essas ações e como se deram as escolhas para as criações dos padrões corporais, de princípios comportamentais e de representações dos valores sociais, tidos como corretos e veiculados pelo periódico entre os anos de 1900 a 1959, que motiva e justifica a importância da realização deste estudo.
Referências
BLOCH. Marc. Apologia da História, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997
BUITONI, Dulcília Shroeder. Mulher de papel: a representação da mulher na imprensa feminina brasileira. 2ª. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2009
CANDAU, Joël. Memória e identidade: do indivíduo às retóricas holistas. In: Memória e identidade. São Paulo, 2021
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collége de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução Laura Fraga de Almeida Sampaio,. –24.ed.—São Paulo: Edições Loyola, 2014
HALBWACHS, M. A Memória coletiva. Trad. de Laurent Léon Schaffter. São Paulo, Vértice/Revista dos Tribunais, 1990
HAHNER, June Edith. Emancipação do sexo feminino: a luta pelos direitos das mulheres no Brasil. 1850-1940/ June E. Hahner; tradução de Eliane Lisboa; apresentação de Joana Maria Pedro. Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003
JELIN, Elisabeth. Los trabajos de la memoria. Buenos Aires: Siglo XXI Editora Iberoarnericana; Nueva York: Social Science Research Council, 2002. p. 1- 78
JUNIOR, Dirceu Casa Grande. Teoria da história: história / Dirceu Casa Grande Junior. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009
KARAWEJCZYK, Mônica. As filhas de Eva querem votar: dos primórdios da questão à conquista do sufrágio feminino no Brasil. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Porto Alegre, 2013. Disponível em <https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/72742/000884085.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 27 de junho 2025
KOSELLECK, Reinhart. 1923-2006. Estratos do tempo: estudos sobre história. Tradução Markus Hediger. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2014
LAURETIS, Teresa de. A tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, H. B. de. Tendências e impasses. 0 feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994
PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão de classe. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1994
PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003
SABAT, Ruth. Imagens de gênero e produção da cultura. In: FUNCK, Susana Borneo; WIDHOLZER, Nara Rejane (Orgs). Gênero em discursos da mídia. Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005
SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: UFMG, 2007
SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e diferença - a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 1999
SCOTT, Joan. História das Mulheres. In: BURKE, Peter (org) A escrita da História. São Paulo: UNESP, 1992. p. 63-95
WIDHOLZER, Nara Rejane (Orgs). Gênero em discursos da mídia. Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.