Do ambiente teórico ao laboratório prático do caos: profissão médica e Guerra do Paraguai (1850-1860)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36449/rth.v25i2.26288
Agências de fomento
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Palavras-chave:

Profissão médica, Médicos Diplomados, Guerra do Paraguai, Cólera-Morbo

Resumo

Este artigo investiga profissão médica no Brasil entre as décadas de 1850 e 1860, com ênfase nas transformações e dilemas apresentados aos médicos diplomados durante a Guerra do Paraguai. Com base na análise de decretos e outros escritos produzidos no período aqui elencado, buscamos perceber possibilidades de atuação desses esculápios, partindo da hipótese de que o confronto foi momento especial que evidenciou alguns obstáculos à luta por reconhecimento e exclusividade profissional, mas também foi palco de intensificação dos argumentos em defesa dos doutores certificados. A ameaça da cólera-morbo recebe centralidade em nosso texto, que está estruturado em três eixos principais, que versam sobre a medicina como saber institucionalizado no pré-guerra, a profissão e o mal colérico durante o conflito e breves reflexões sobre o conceito de classe médica.

Biografia do Autor

Vanessa de Jesus Queiroz, Universidade de Brasília

Licenciada, bacharela, mestra e doutoranda da linha de História Social do Programa de Pós Graduação em História da Universidade de Brasília. Pesquisadora da medicina oitocentista brasileira.

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Publicado

23-12-2021

Como Citar

QUEIROZ, V. de J. Do ambiente teórico ao laboratório prático do caos: profissão médica e Guerra do Paraguai (1850-1860). Tempos Históricos, [S. l.], v. 25, n. 2, p. 262–299, 2021. DOI: 10.36449/rth.v25i2.26288. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/view/26288. Acesso em: 28 mar. 2024.

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Artigos