Constituindo-se sujeito no país do outro
DOI:
https://doi.org/10.48075/ri.v25i1.29727Palavras-chave:
Identidade migrante, autonarrativa, memória, decolonialidade, estudos do discursoResumo
O artigo apresenta um estudo sobre representações do migrante pela perspectiva teórica discursiva e decolonial, partindo da autonarrativa de uma migrante beninense, estudante universitária no Brasil, como um modo de trazer à tona discursos silenciados de grupos minoritarizados, como o da migrante, e de conhecer um pouco sobre a identidade desse sujeito em deslocamento. Utilizaremos como dispositivo metodológico a Análise de Discurso de linha francesa, que estabelece a articulação entre materialidade linguística e história para a produção de sentidos. O corpus é constituído pois, de recortes discursivos da autonarrativa da migrante a partir da seleção de eixos temáticos que caracterizam regularidades, entre outras categorias de análise baseadas na semântica global de Dominique Maingueneau. O objetivo geral é analisar as representações identitárias que o sujeito tem de si e do outro brasileiro que emergem no discurso autonarrativo, a fim de discutir indícios da constituição subjetiva e identitária de quem fala e os processos de formação de memória que acontecem entre culturas e línguas. Para o uso da autonarrativa como possibilidade de construção de conhecimento, trazemos o estudo de Michel Foucault sobre a escrita de si, entre outros autores que falam sobre a importância das histórias de vida. Para fundamentar teoricamente as noções de memória, diferença e identidade, apoiamo-nos nos estudos culturais, além do olhar decolonial para lidar com as identidades subjugadas das minorias. Com essa reflexão, entendemos que é possível romper com o pensamento hegemônico único, eurocêntrico, que dá espaço enunciativo e relevância somente às narrativas dos povos privilegiados em detrimento do dominado, do sujeito colonizador em detrimento do colonizado, do sujeito hegemônico em detrimento do sujeito ordinário ou “infame” de que fala Foucault, valorizando, então, o lugar de fala de uma migrante negra e dando relevância à sua existência invisibilizada e silenciada no país hospedeiro, o qual, muitas vezes, lhe é hostil.
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