Ecos de bom Crioulo
representação e permanência
DOI:
https://doi.org/10.48075/ri.v25i1.30006Palavras-chave:
homossexualidade, negritude, afeto, Bom CriouloResumo
Este artigo procurou analisar a permanência da imagem do homem negro homossexual na literatura brasileira, cuja origem remete ao romance Bom Crioulo, de Adolfo Caminha, de 1895. A narrativa trata da relação amorosa inter-racial entre dois marinheiros e sua representação, problemática em termos de negritude e homossexualidade, resiste em obras literárias contemporâneas, tanto do século XX quanto XXI. Dessa maneira, através do cotejo da figuração do afeto ou da tentativa de relações afetivas entre homens no livro do século XIX e dos contos “O estivador”, de Harry Laus, e “Coração”, de Marcelino Freire, pretendeu-se analisar como o protagonista negro e homossexual ainda é dependente de uma representação controversa, relacionada principalmente à dicotomia da virilidade e da afeminação, ambas relacionadas à hipersexualização e ao fetiche do corpo negro, culminando, invariavelmente, na solidão relacionada à impossibilidade de vínculos que fujam aos rótulos sexuais. Questionou-se, ainda, a limitação de possibilidades relacionadas a essa representação, que condiciona formas de ser, existir e amar não só das personagens nas narrativas, mas dos sujeitos estereotipados pelo imaginário da branquitude. Tais problemáticas foram conduzidas por discussões propostas por Miskolci (2012) e Benítez (2006), acerca da imbricação, na construção de sujeitos reais e ficcionalizados, entre a homossexualidade e a negritude, e por Shohat e Stam (2006), sobre os problemas da representação de grupos minoritários. Como resultado, conclui-se a recorrência de estereótipos na constituição literária dos seres apresentados, ligados à solidão afetiva e à sexualização, extremadas pela afeminação e pela virilidade, mesmo em narrativas publicadas em três séculos diferentes.
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