O FANTÁSTICO EM ÉRICO VERÍSSIMO: UMA ANÁLISE DO CONTO “SONATA”

Resumo

Com base na narrativa fantástica, este artigo apresenta uma análise do conto “Sonata”, de Erico Verissimo, integrante de sua obra Fantoches e outros contos, a qual foi publicada, originalmente, em 1932. Trata-se da primeira obra publicada por esse autor, a única de sua autoria composta apenas por contos. Para o que se propõe este artigo, em um primeiro momento, é esclarecido o conceito de narrativa fantástica, segundo o entendimento de alguns autores – como Todorov (1979), Rodrigues (1988) e Calvino (2004) –, e, ainda, discorre-se brevemente sobre os conceitos de estranho e maravilhoso, que contribuem para a definição do fantástico. São mencionados, também, aspectos que remetem ao surgimento do fantástico e às razões de sua existência. Para que se verifique tal elemento na narrativa, é necessário que se dê, além de um acontecimento estranho ou sobrenatural, a hesitação do leitor e, também, de uma personagem. Além disso, esse tipo de narrativa pressupõe um certo modo de interpretação, ou seja, o modo com que o leitor encara os eventos apresentados no enredo contribui para a sustentação do fantástico. Em um segundo momento, apresenta-se a análise minuciosa do conto “Sonata”, o qual tem a música enquanto fio condutor e apresenta o ponto de vista de seu personagem principal, que não chega a ser nomeado. Trata-se de um jovem professor de piano que, no contexto da Segunda Guerra Mundial, em seu desejo de fuga da realidade, mergulha em jornais antigos. Em sua leitura, encontra um anúncio de 1912, ano em que nasceu, o qual solicita os serviços de um professor de piano. A partir daí, tem início sua “viagem ao passado”, que permite verificar a presença de inúmeros elementos que apontam para o fantástico e que permitem que o leitor experimente da hesitação, tal como indica a teoria aqui utilizada.