UM OLHAR SOBRE A INFÂNCIA EM ABRIL DESPEDAÇADO
DOI:
https://doi.org/10.5935/rl&l.v6i11.871Resumo
Este artigo visa – seguindo-se um viés de análise e um referencial teórico preponderantemente sociológicos – tecer algumas considerações acerca da visão que pairava sobre a infância e sobre os filhos, na sociedade patriarcal brasileira, tomando como objeto de análise o filme Abril despedaçado, dirigido por Walter Salles, e as obras literárias Infância e Vidas secas, de Graciliano Ramos. O fio condutor do filme parte da perspectiva infantil, pois é o Menino que conta a história de violência que permeia as relações entre sua família e a família vizinha. Também Infância – livro memorialista – é narrado sob a ótica infantil, embora o narrador seja adulto. No romance Vidas secas, os filhos do casal sertanejo protagonizam dois capítulos intermediários e nem sequer são nomeados, o que aponta para a massificação dos demais indivíduos da família em detrimento do poder do pater famílias. Evidencia-se, a partir disso, que, as três produções retratam universos sociais e familiares centrados nas arcaicas relações patriarcais, que nelas, as crianças – e também os filhos já adultos – são desconsideradas, reprimidas e até hostilizadas, com vistas à manutenção da ordem. No filme, nota-se que os pais, à luz da tradição, exercem sobre os filhos o poder de vida e de morte, ou seja, os filhos, na luta pela posse das terras, têm de responder com a própria vida, para que a honra e a autoridade patriarcais sejam mantidas soberanamente. O único momento em que os filhos ganham status e identidade é quando, ao serem mortos em nome da honra dos pais e da família, suas fotografias são entronizadas na galeria dos antepassados, recebem vela votiva, e passam a ser cultuados e sacralizados.Downloads
Publicado
01-01-2000
Como Citar
BRUN, A. A.; FORTES, R. F. UM OLHAR SOBRE A INFÂNCIA EM ABRIL DESPEDAÇADO. Línguas & Letras, [S. l.], v. 6, n. 11, p. p. 41–55, 2000. DOI: 10.5935/rl&l.v6i11.871. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/871. Acesso em: 11 abr. 2025.
Edição
Seção
Dossiê: Linguagem, Literatura e Cinema
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