DOSSIÊ – v.25, n. 58 (2024) ESCRITORAS IBERO-AMERICANAS: IDENTIDADES E MEMÓRIAS

05-07-2024

Chamada de publicações para o Dossiê: ESCRITORAS IBERO-AMERICANAS: IDENTIDADES E MEMÓRIAS

Período de submissão dos artigos: 28/06/24 a 31/08/24

Organização do dossiê:

Prof. Dr. Antonio Donizeti da Cruz (PPGL/UNIOESTE)

Profa. Dra. Alexandra Santos Pinheiro (PPGL/UFGD)

Profa. Dra. Brigida M. Pastor (Univ. Glasgow)

Profa. Dra.  Encarnación Medina Arjona (Universidad de Jaén - Espanha
Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación)

Ementa: Os estudos da literatura de expressão feminina partem do pressuposto de que a sociedade sempre valorizou a visão masculina como a “universal” e “oficial”, e, com isso, a voz feminina foi silenciada e subordinada à voz masculina. Tais estudos assumem, dessa forma, o papel de desmascarar a repressão dos papeis femininos legitimados pela ideologia dominante na sociedade e pela literatura canônica. Na América Latina, escritoras como Isabel Allende, Laura Esquivel, Gioconda Belli, Ana Miranda, entre muitas outras, se destacam por sua escrita voltada à problemática da mulher na sociedade, cujos temas abordam a construção, a manutenção e a transformação de práticas sociais e culturais que reverberam o conceito do patriarcado, salientando a sobreposição, a hibridização e a variação dessas práticas de modo que continuamente são revisitadas pela literatura para (re)construir identidade(s) a partir de diversas noções que se interseccionam: classe, etnia, gênero e outros. A professora Márcia Hoppe Navarro (1995, p. 53) propôs a nomenclatura Nova literatura feminista latino-americana para a fase em que a mulher escritora ganha autonomia para escrever, destacando os aspectos que foram determinados pelo movimento de liberação da mulher. Dez anos depois, em um artigo sobre a literatura latino-americana atual, a pesquisadora enfatiza que “o sentido de feminino [...] não como algo pejorativo, que se opõe à feminista, mas sim como algo que soma, recupera e adiciona um lado esquecido da história” (Navarro, 2005, p. 197). Diante do exposto, o presente simpósio inspira-se nestas vozes de mulheres pioneiras ao propor pensar os conceitos de identidades, histórias e memórias a partir da análise da literatura de escritoras latino-americanas. Uma temática que exige pensar nas raízes do patriarcado e em sua herança, ainda disseminada pelos discursos religiosos, políticos, escolares e familiares. Desse modo o presente dossiê visa reunir trabalhos que analisem as relações entre história, identidade e memória na narrativa de autoria feminina, em especial da América Latina, observando como a escrita é utilizada como um meio para articular as vozes da periferia – dos excluídos por gênero, classe ou raça –, e, em particular, das mulheres como sujeitos próprios de seu discurso, tendo como base aquilo que Medeiros-Lichem (2006, p.15, tradução nossa) disserta em seu livro: “a causa primordial da voz da mulher na literatura latino-americana tem sido ampliar e redefinir a compreensão do desenvolvimento social e do papel da mulher no acercamento cultural à alteridade.

Palavras-chave: Literatura e Mulher; Crítica Literária Feminista; Literatura de Autoria Feminina.

 

Referências:

HOLLANDA, H. B. de (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de janeiro: Rocco, 1994.

MEDEIROS-LICHEM, M. T. La voz femenina en la narrativa latinoamericana: una relectura crítica. Santiago: Editorial Cuarto próprio, 2006.

NAVARRO, M. H. (org.) Rompendo o silêncio: gênero e literatura na América Latina. Porto Alegre: UFRGS, 1995.

NAVARRO, M. H. Re-escrevendo o feminino: a literatura latino-americana atual em perspectiva. In: LIMA, Tereza M. O.; MONTEIRO, M. C. (0rg.). Figurações do feminino nas manifestações literárias. Rio de Janeiro: Caetés, 2005, p. 197-217.