A Infância “Quebrada” em Castanha do Pará
Palavras-chave:
Infância, Marginalidade, Graphic novel.Resumo
O estudo parte da análise sobre a narrativa gráfica Castanha do Pará (2018) de autoria de Gidalti Moura Jr. Inspirada no conto Adolescendo Solar, de Luizan Pinheiro, Castanha do Pará narra a vida do menino em condição de rua apelidado como Castanha, que assim como Casqueta, personagem do conto inspiração, sobrevive no complexo do Ver-o-Peso, na cidade de Belém do Pará. Dito isto, objetiva-se investigar, a partir dos pressupostos metodológicos da literatura comparada, a representação da infância no personagem Castanha, marcada pela marginalidade e exclusão, vivenciada em contextos opressores e violentos, como a repressão do padrasto dentro de casa e as várias situações nas ruas. A obra tem por narradora a vizinha da família, que conta de um ponto de vista atravessado por princípios morais uma versão sobre a vida de Castanha, comparando-o constantemente com o seu filho, que imagina ser modelo para o menino-urubu. Desse modo, a graphic novel expõe uma infância na Amazônia paraense que vive em condição de rua no meio urbano, marcada por uma ruptura dos preceitos modernos que instituem modelos para essa fase da vida, estabelecido em marcos legais como a Constituição Brasileira de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declaração dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, isto é, privada de direitos básicos, estigmatizada e marginalizada socialmente. Em suma, uma infância “quebrada”.
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