A leitura da e na BNCC
DOI:
https://doi.org/10.5935/1981-4755.20220027Palavras-chave:
Leitura, BNCC, Novo Ensino MédioResumo
Neste estudo visamos discutir acerca dos norteadores da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a leitura, mais especificamente no EM, contudo, não nos furtaremos de atentar para como a leitura é abordada pelo documento em outros níveis, haja vista que concebemos essa prática como constructo em processo contínuo ao longo da escolarização dos sujeitos. Ao longo mesmo da vida dos sujeitos. Para tanto, entendemos ser necessário discorrer, antes, acerca das condições históricas de emergência da BNCC. Isto porque, no campo teórico ao qual nos filiamos, o da Análise do Discurso de vertente francesa, os fatos e acontecimentos não são meros resultados da soma dos eventos de uma determinada temporalidade, mas produto do permanente e tenso jogo da luta de classes, o qual põe em causa o sentido que se dá à narratividade da história. Em face disso, preferimos falar, mesmo, em historicidade. Nas palavras de Orlandi (1996, p. 55), “não se trata de trabalhar a historicidade (refletida) no texto, mas a historicidade do texto, isto é, trata-se de compreender como a matéria textual produz sentidos. Ora, o processo de proposição/estabelecimento da BNCC foi pleno de dissensos, de controvérsias; assim, não se pode falar em uma exterioridade fixa que sobre ela produziu determinações, mas em jogos de forças que disputaram sentidos a partir de diferentes vertentes ideológicas. Assim, nosso trabalho, enquanto analistas de discursos, é reconstituir os processos que compõem as tramas dessa discursividade, com vistas à compreensão dos sentidos sobre leitura que se encontram presentes na BNCC ora em vigência.
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