Aproximações de Alfonsina Storni com o público feminino em Buenos Aires

Uma abordagem a partir de diálogos com as ideias bakhtinianas

Resumo

O artigo investiga a relação entre a escritora Alfonsina Storni e seu público leitor feminino em Buenos Aires nas décadas de 1920 a 1930, focalizando a leitura de suas crônicas sob uma perspectiva bakhtiniana no contato entre “eu e outro”. O objetivo principal do trabalho é compreender como Storni utilizou a linguagem para estabelecer um contato efetivo com suas leitoras, explorando temas sociais relevantes como divórcio, direitos das mulheres e críticas à sociedade conservadora da época. A análise metodológica se baseia nas concepções bakhtinianos de "gênero", "discurso", “relações axiológicas” e seu efeito nas relações dialógicas que são construídas em meio ao projeto de crônicas de Storni. Dessa forma, examina-se como a autora construiu seus textos para engajar suas leitoras, refletindo e contestando as normas sociais da época, incluindo também uma investigação de como as definições bakhtinianas revelam-se na crônica Existe un problema femenino?, escrita em 1920. Como teoria, utilizou-se o texto “Gêneros do Discurso” de Bakhtin e também artigos que discutem as ideias trazidas pelo filósofo da linguagem; para contextualizar o perfil das crônicas de Storni e a historicidade de Buenos Aires, recorreu-se a estudos de Beatriz Sarlo, Graciela Queirolo e Stella M. Longo. Quanto aos resultados da análise, destaca-se a relação que a crônica em estudo de Storni estabelece com concepções bakhtinianas, principalmente às ideias de gênero primário, secundário e relações axiológicas como forma de fomentar a sua aproximação com o público feminino.